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    Marrocos - A cidade do pôr-do-sol

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Já foi dito que um país como Marrocos não se descreve, não se conta. O que se pode fazer é uma ficha técnica a respeito, mas este tipo de documento seria reduzido, artificial, insuficiente. O que não deixa de ser verdade.

A história de Marrocos, entre outros detalhes gerais que não abordaremos, é construída com muita paciência e luta entre a população e seus principais líderes. Todo esse impasse, no entanto, serviu para tornar os marroquinos um povo unido, determinado e solidário.

A capital Rabat, é uma cidade tranqüila. Seu clima é brando no inverno e fresco no verão, devido à brisa que corre do oceano Atlântico. Seus monumentos, suas localidades com as numerosas e belas praias que as rodeiam, suas largas avenidas, seus bairros modernos, sua infra-estrutura de estradas e de turismo a converteram em uma cidade agradável para visitar e viver. De cima das ruínas da torre Hassan podem ser vistos os bairros de Rabat, que refletem sua rica história. Os ministérios ocupam uma posição elevada e seus prédios são adornados com formosos jardins e fontes magníficas. Os bairros residenciais ocupam partes importantes na nova cidade: Hassan, Orangers, Agdal, Souissi.

Chega-se a esses formosos bairros pelo cruzamento das avenidas Hassam II e Mohammed V. Neste ponto, aparece a imponente muralha dos refugiados. Alguns metros depois, apresenta-se a célebre rua Souika, que constitui a artéria principal da cidade. De um lado a outro dessa rua, cafés, restaurantes e lojas de comida, roupas e produtos artesanais propõem seus serviços e negócios. Indo mais além, à direita, a rua Sidi Fatah surpreende pela calma que ali reina. Essa rua leva à mesquita Moulay El Mekki, construída em 1907 e cujo teto colorido acompanha a arquitetura da rua. De volta à rua Souika, a mesquita edificada por Moulay Slimane chama a atenção. Passando por um dezena de lojas chega-se a uma formosa fonte, atualmente transformada em livraria. Este monumento do século XIV, em pleno coração da cidade, é uma obra do sultão Abou Faris Abdelaziz (1366-1372).

Outra atração turística é Fès, cidade que já foi a capital do Reino até o século XVI declarada pela Unesco patrimônio da humanidade. É uma dessas cidades que não se importam com o tempo. Tomada por 9.700 ruazinhas e vielas, pequenas lojas, ateliês escondidos, que, aliás, formam o maior centro de artesanato de todo o Marrocos. Além das 200 mil pessoas que ali moram, trabalham e falam alto num árabe incompreensível, todos os dias circulam por ruelas de terra batida ou de paralelepípedos gastos cerca de 50 mil turistas visitantes, uma das poucas provas de que o tempo, apesar de tudo, passa.

Caminhar por essa vielas significa que você será abordado por um vendedor. O marroquino é um vendedor nato. Ele está sempre pronto para fisgar um freguês. Quando o turista entra numa loja e começa a olhar, rapidamente ele se aproxima e tenta empurrar alguma coisa, não importando o quê. No Marrocos é assim mesmo: nunca se deve pagar o preço pedido. Negociar é uma arte - que os vendedores manejam com destreza. Por isso, sempre comece com 10% do valor pedido, o jogo pode durar horas regado a chá de hortelã, faz parte do costume.

Mas há também lugares repugnantes. O souk dos curtumes, o Chouara, é um deles. È preciso coragem e um estômago forte para chegar perto daqueles imensos casulos no chão onde o couro (peles de animais) é tratado e tingido. Sem falar nos restos de animais que, muitas vezes permanecem por ali durantes dias em estado de putrefação.


Essaouira - A cruz marroquina


Essaouira é uma cidadela de pouco mais 45 mil habitantes localizada no litoral sul. Graças ao forte sol, à sua gente amistosa e a à sua exótica cultura, Essaouira consagrou-se como um dos destinos mais celebrados do mundo, como Katmandu no Nepal, ou Varanasi, na Índia.

No verão, a brisa marítima ameniza a onda de calor, e no inverno, impede também as grandes quedas de temperatura à noite, coisa comum em regiões desérticas. Além da parte velha da cidade, cercada por uma muralha e do bairro judeu, Essaouira possui outro difencial das suas vizinhas. Como Brasília e Veneza, é uma cidade planejada inteiramente. Por volta do ano de 1765, para punir Agadir por rebelião, o sultão Sidi Mohammed Ben Abdallah tirou da cidade a condição de entreposto comercial do reino transferindo o porto de local. É uma cidade com um plano em cruz, mas cravada em puro solo muçulmano. Talvez tenhamos aí uma ponte de contextualização para comunicação do Evangelho.


A alma do povo marroquino


Marrocos é hoje um país extremamente necessitado da verdadeira fé e do poder do cristianismo, visto que o islamismo é a religião oficial do Estado, e o governo está comprometido em preservá-la, a todo custo, como fé para todos os marroquinos (sem exceção!). Outros grupos religiosos até são tolerados no país, desde que não estendam suas convicções e ministérios além das fronteiras das comunidades estrangeiras.

O islamismo praticado por quase 100% dos 28 milhões de habitantes foi trazido a esse país pelos exércitos invasores árabes no sétimo século. Com isso, a antiga e poderosa igreja norte africana, formada principalmente pelos berberes, foi apagada. O orgulhoso passado de Marrocos como centro de civilização, aprendizado islâmico e rejeição às verdades das Escrituras Sagradas é uma sólida barreira para a aceitação e infiltração do evangelho de Cristo. Por mais incrível que possa parecer, cerca de 80% da população não tiveram ainda nenhum contato direto com o evangelho.

Não obstante a todos esses obstáculos, a Palavra de Deus tem conseguido chegar a esse povo, ainda que de maneira sutil. Até pouco tempo, o número de estrangeiros cristãos nos ministérios marroquinos, dentro e fora do país, contava aproximadamente 150. A igreja no Marrocos tornou-se uma realidade, mas a um alto custo. Existem, possivelmente, 400 crentes nativos, que professaram a Cristo, bem como outros secretos. O crescimento é lento mas constante, e isso deve-se à força e à atuação do Espírito Santo. Os crentes nativos que professam a Cristo se reúnem em pequenos grupos e de forma secreta. Não existem igrejas viáveis, organizadas.

Os marroquinos que se tornam seguidores de Cristo são acusados de traição e contatos ilegais com organizações estrangeiras e, por isso, são presos com a alegação de terem abandonado as práticas islâmicas. Os pequenos grupos de igreja têm dificuldades para encontrar lugares seguros para suas reuniões. Uma vez flagrados, os cristãos são submetidos a extensos interrogatórios policiais, ostracismo, dispensa de emprego, constrangimentos familiares e prisões ocasionais.

A obra missionária, como tal, não é permitida, e todos os antigos centros de missões estão fechados. Os obreiros cristãos permanecem desempenhando atividades seculares como enfermeiros, professores, esperando por oportunidades de evangelização. Ore para que o caminho se abra para eles, e que outros missionários entrem para substituir os muitos que tiveram que as presssas.


Notas Importantes


A tradução da Bíblia para esse povo. A escrita berbere tifinagh agora está legalizada no Marrocos. As Escrituras em tachelhait, tarafi e tamazight estão sendo traduzidas para as escritas berbere e árabe.

Rádio cristã: Tem havido esforços esporádicos para produzir programas em tamazight, tarafit e tachelhait línguas de alguns dos povos menos alcançados do mundo.

Os povos berberes eram nominalmente cristãs até que o islamismo chegou. A arabização tem sido resistida, e existe um reavivamento da cultura e escrita berbere. Alguns estão procurando uma identidade no seu passado cristão.

Tertuliano e Agostinho, grandes teólogos da história da Igreja eram berberes.

O Saara ocidental foi uma colônia espanhola até 1975. A anexação marroquina é disputada pelo movimento de independência Polisario em uma amarga guerra. O grande exército marroquino controla 90% do território, mas somente pequena parcela dos sahrawi (alguns dizem 40.000). Mais de 150.000 sahrawi fugiram para a Algéria, onde vivem em campos refugiados. Milhares de imigrantes do Marrocos foram assentados na área do Saara. O evangelho nunca foi proclamado para o povo árabe/berbere sahrawi.

Está com fome? Os marroquinos dizem que não se pode deixar o país sem experimentar o Pastilha, receita à base de carne de pombo, que leva canela, amêndoas e açafrão. É um prato encontrado, principalmente, nos restaurantes de Fés.

Mulheres - Não se esqueçam de que estão viajando por um país muçulmano. Pernas e braços cobertos evitará que você seja chamada a atenção.

Está com sede? Nunca tome água de torneiras para matar sua sede. Compre água mineral engarrafada. Algumas marcas tem sabor estranho, a marca Sidi harazem é a melhor.

Programe sua viagem - Entre setembro e novembro, quando as temperaturas são mais agradáveis, há menos turistas e os preços são mais baratos. Não há vôo direto para o Marrocos. A companhia Varig tem um pacote São Paulo - Londres - Marrakesh. Brasileiro não precisam de vistos para entrar no Marrocos.

Faz parte dos costumes - Os cumprimentos são muito importante e tem diferentes formas. Nas cidades maiores, amigos chegados se cumprimentam roçando-se ou beijando-se no rosto. Quanto mais beijos, maior o elo de amizade. Já nas áreas rurais, os apertos de mãos são mais comuns, os apertos de mãos são acompanhados pelo toque no coração com a mão direita.

É normal comer com as mãos em um mesmo prato. Mas use apenas a mão direita, a esquerda é considerada imunda pela tradição islâmica.

Nunca mostre as solas dos seus sapatos. Esse gesto é encarado como ofensa.


Por João Lira

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