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    Escócia - A terra do reformador John Knox

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Por Gilson Barbosa

A Escócia é um país bem pequeno, mas muito interessante. Suas paisagens esbanjam beleza e encantam qualquer visitante. Quem quer que seja, quando pensa em Escócia, logo se lembra da gaita de fole, do kilt (uma espécie de saia), e do destilado conhecido como Whisk produzido em todas as regiões do país. Juntamente com Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, a Escócia complementa o grupo dos quatro países que integram o Reino Unido.

A capital é Edimburgo, a segunda maior cidade do país, com cerca de 500 mil habitantes. A maior cidade é Glasgow, a oeste da Escócia, com aproximadamente 600 mil residentes.


Breve história


A palavra "Escócia" é proveniente do latim, scottia, e significa "terra dos escoceses" ou "scots". Isso porque situa-se numa região que foi invadida pelas tribos irlandesas conhecidas como scots ou escotos, no período romano (séc.I).

É neste século que a história escrita da Escócia começa, quando os romanos invadiram a Grã Bretanha. Não obstante, foram incapazes de persuadir as tribos que habitavam no norte. Para evitar a possibilidade de serem invadidos por essas tribos, o imperador Augusto construiu uma grande muralha através das ilhas. Os romanos denominaram as terras do norte de "a muralha Caledonia" e a seus habitantes de "pictos", proveniente do latim, pictus, que significa "pintados", uma referência aos corpos pintados dos nativos.

No século V os imigrantes celtas irlandeses, chamados scots (escoceses) se estabeleceram ao norte do rio Clyde. Por volta do século IX, Kenneth I MacAlpin, primeiro monarca escocês, uniu-se com o rei picto. No século seguinte, essas terras passaram a ser conhecida como Scotland (Escócia).

Após os vikings (normandos) conquistarem a Inglaterra (1066), vários dos anglo-saxões passaram a habitar nas terras baixas da Escócia. O feudalismo foi estabelecido e os chefes dos clãs se tornaram nobres. As cidades cresciam e a Escócia prosperava. No século 13, John de Balliol foi entronizado após a morte de Margaret, por Edward I da Inglaterra, que usurpou de volta o trono (1296), após a recusa de ajuda e apoio de Balliol aos franceses, quando estes atacavam seu país. Nessas circunstâncias Edward I é proclamado rei da Escócia. Os reis escoceses ficaram sob o domínio da coroa inglesa.


Guerras da Independência


O primeiro a lutar pela liberdade da Escócia foi William Wallace. Contudo seu exército foi vencido e logo depois ele foi capturado e executado. No anseio de se emancipar do domínio inglês, Robert Bruce, que foi coroado rei em 1306, personalizou o desejo de libertação do povo escocês do domínio inglês. A independência veio na Batalha de Bannockburn, no ano de 1314 e é um dos grandes marcos da historia escocesa. Na Abadia de Arbroath foi lavrada, em 1320, a Declaração de Independência. A Inglaterra reconheceu, no Tratado de Northampton, em 1328, a independência da Escócia.


O fortalecimento da monarquia


Ao falecer Robert Bruce, instalou-se uma crise de sucessão monarcal na Escócia. A Dinastia Stuart, principalmente com Maria Stuart, prima de Elizabeth I, da Inglaterra, serviu de apoio a consolidação da monarquia. O fato de Elizabeth I não ter filhos (herdeiros) instigou a pretensão de Maria Stuart em apossar-se do trono inglês. Depois de algum tempo na França, onde foi Stuart educada, ela voltou para a Escócia e ali assumiu o trono. Após uma rebelião da nobreza, devido a algumas atitudes contestáveis da rainha, foi procurar refugio na Inglaterra. Neste ínterim, a rainha Elizabeth aprisiona Maria Stuart por 18 anos. Quando as tentativas de complôs contra Elizabeth se tornaram mais intensas não houve outro meio a não ser a morte de Maria, assassinada em 1587. Seu filho, Jaime VI assumiu o trono escocês.


A união das coroas


Em uma manobra que a história questiona, concernente a sua legitimidade e representatividade, no aspecto da vontade popular, em 1707 é declarado a União dos Parlamentos dos Reinos de Escócia e de Inglaterra, que também representou a unificação de ambas as coroas e se constituiu no Estado da Grã Bretanha. Após este episódio, por cerca de quase trezentos anos os interesses da Escócia seriam decididos pelo Parlamento de Londres. Grandes nomes inovadores floresceram na Escócia nestes tempos. Filósofos renomados como David Hume (1711-1776), economistas como Adam Smith (1723-1790), poetas e artistas como Robert Burns (1759-1796) e Henry Raeburn (1756-1823) foram figuras proeminentes neste período marcante da história escocesa.


Geografia


A distinção do território escocês do restante da Grã Bretanha se dá pelas suas montanhas, lagos, rios e inúmeras e extensas ilhas, que dispõem cerca de 77.000 km2. As ilhas, cascatas e lagos são encantadores e muito comuns na Escócia.O território se divide em Highlands (Terras Altas), ao norte, e Lowlands (Terras Baixas), ao sul. A maioria da população se concentra nas Lowlands. Na região oeste há várias ilhas, entre as quais a de Skye e Lewis formando o grupo das chamadas Ilhas Hébridas. Nas regiões setentrionais estão as ilhas de Orkney (Orçadas) e Shetland.

Os Rios e Lagos (Loch) são abundantes na Escócia. Há lagos tanto nas Terras Altas quanto nas Baixas. Lagos como: Lomond (o maior), Ness, Tay e Katrine. Alguns destes rios e lagos fazem ligações e estão unidos pelo canal de Caledonia, e este, por sua vez, permite navegações de grandes barcos que se conectam com o oceano Atlântico pelo Mar do Norte. O rio mais extenso é o Tay, não obstante, o principal rio de uso comercial é o Clyde, sede do porto de Glasgow.


O Lago Ness


O famoso Lago Ness, do qual certamente o leitor já ouviu falar, localiza-se nas Terras Altas. Trata-se de um amplo e fundo lago de água doce. Segundo a lenda escocesa, no fundo do lago, habita um monstro que é carinhosamente chamado de Nessie. O relato da aparição desse monstro é corrente e gera certas expectações até aos dias atuais, demonstrando certa superstição entre os escoceses.


Agricultura e silvicultura


Quanto a agricultura, os principais cultivos são os da cevada, importante ingrediente utilizado na elaboração de whisk e cerveja, do trigo, da aveia e da batata.

Mais de 75% da terra escocesa se destina à agricultura. Também é notória a cultura de nabos e frutas, com destaque para as framboesas.

Na produção de rebanhos o destaque fica por conta das ovelhas, devido a qualidade de sua lã, nas Terras Altas. As manadas de cervos são numerosas.

As águias e falcões habitam geralmente as regiões montanhosas, especialmente nas montanhas de Shetland (arquipélago ao norte da Escócia).

A pesca é indispensável. O oeste da Escócia é o segundo produtor de salmão da Europa. A criação de salmão se dá a noroeste das ilhas e é apreciado em várias partes do mundo. Podem ser encontrados ainda o bacalhau, arraia e um lindo peixe conhecido como robalo. A arborização atinge cerca de 15 % da Escócia. Mais da terça parte da produção de madeira na Grã Bretanha advém da mata escocesa.


Cultura


São várias facetas que caracterizam a cultura escocesa, entretanto, não há um único elemento que defina o país. As peças culturais foram, ao longo dos séculos, se adicionando àquelas já existentes, formando uma mistura inconfundível. Os escoceses preservam seus costumes como um precioso tesouro.


Vestimenta

Muitas pessoas indagam: E as "saias" que os homens escoceses usam...?

Trata-se de uma tradicional peça vestuária conhecida como kilt. A "saia" é formada por um tecido franzido denominado tartan. Este desenho (tartan) traz uma alternância de cores, formando quadrados com uma seqüência extensa determinada (conhecemos como o tecido xadrezado). Mas os vários estilos de kilts não possuem apenas o padrão estético, pois personalizam aquele que o está usando (o tecido, os quadriculados, as cores, etc). Por exemplo, nos kilts confeccionados com tecidos similares, a quantidade e a qualidade das cores indicam as possibilidades econômicas de quem os utiliza. O tartan e o kilt independentemente do desenho representam a tradição e a unidade escocesa. A popularidade desta peça de roupa se propagou com as vitórias do grupo militar de elite das Terras Altas. Entretanto, sua origem é de um antigo hábito dos celtas de amarrar na cintura um enorme pedaço de tecido com o qual se protegiam do frio.


O esporte preferido

É aceito a teoria popular de que o golf teve origem na Escócia, com os pescadores do leste do país. Diz-se que estes, quando regressavam de suas viagens, para entreter-se, ao passarem por um campo aberto com espessa grama, batiam em uma pedra com um pau até acertá-la em um buraco. As classes sociais mais elevadas davam relevante importância a este esporte por volta do século XVI.

A grande expansão do esporte ocorreu no final do século XIX, proporcionalmente à invenção da bola circunferenciada de borracha e as construções de campos de golf. A partir daí, entrou em cena os profissionais do esporte para ensinar os jogadores mais jovens e o esporte transformou-se no mais popular da atualidade, com grandes "estrelas" e campeonatos internacionais.


Religião

O primeiro personagem a empreender esforços para a implantação dos ideais da Reforma em solo escocês foi George Wishart. Seu fim foi morrer queimado na fogueira. Contudo, João Knox (1514-1572) foi o principal expoente e consolidador do protestantismo na Escócia e tornou a Igreja Presbiteriana oficial no país.

Maria de Guise, fervorosa católica, instalou no país um intenso conflito contra os protestantes. Porém, o parlamento escocês ratificou o protestantismo como religião oficial no Contrato de Edimburgo, em 1560. O Primeiro Livro de Disciplina, manual eclesiástico do presbiterianismo, foi elaborado por João Knox.

Andrew Melville, após a morte de Knox, tornou-se a figura principal do protestantismo ao propor e promover a separação entre Igreja e Estado. Esta idéia foi aventada em seu Segundo Livro da Disciplina. Sua vitória foi parcial e subjugada a algumas exigências do rei Carlos I.

A questão da relação Igreja-Estado e algumas diferenças teológicas levaram a Igreja escocesa à divisão. A maioria das diversas igrejas presbiterianas livres independentes constitui-se na Igreja Livre Unida da Escócia.


O dia de Santo André


É celebrado em 30 de Novembro. Desde a Idade Média a cruz em forma de X, sobre a qual André, discípulo de Jesus, supostamente foi crucificado, tem sido o símbolo da Bandeira da Escócia.

Segundo alguns contam, André foi missionário na Ásia e Grécia e foi crucificado pelos romanos em 69 d.C, em Patras. Seus restos mortais foram levados de Constantinopla, em 370 d.C, para o território dos pictos, na costa oeste da Escócia, onde é hoje conhecida como Cidade de Santo André. O santo teria aparecido em uma visão (sonho) ao rei Angus (rei de Alba), comandante do exército picto, quando este estava para enfrentar o exército de Northumbria, em Lothian. Quem vencesse a batalha ficaria com o controle do território. Conta-se que no grande dia, apareceu no céu uma cruz em forma de X. A aparição de santo André e a visão do Saltire - a cruz em forma de X - foi tida como um presságio para a vitória dos pictos. Após esse episódio a cruz de Santo André, na bandeira escocesa, foi tida como um dos símbolos escoceses.


É proibido fumar!


Em Março de 2006, o governo britânico aprovou uma lei que proíbe fumar cigarros em lugares públicos, como fábricas, bares, restaurantes, etc. Os escoceses representam 30% dos fumantes do Reino Unido, um número considerável. A proibição aconteceu devido a preocupação do governo com os inúmeros doentes cardíacos e cancerosos.

Agora, fumar em lugares considerados públicos custará ao bolso dos escoceses uma multa de $90 dólares por pessoa, e os estabelecimentos que não se adequarem a nova lei poderão também ser multados em $4300 dólares. É claro, que os fumantes estão irritado com o governo.


Conclusão


Resta-nos afirmar que o Brasil tem recebido influência e participação escocesa. O golf foi introduzido em nosso país pelos profissionais da engenharia, escoceses e ingleses, que construíram a Estrada de Ferro Santos, no final do século XIX.

As missões européias trouxeram ao Brasil o protestantismo reformado ainda no século XVI, com os huguenotes, missionários calvinistas franceses. Contudo, missionários escoceses como Roberto R. Kallley e Ashbel Green Simonton também aportaram por aqui por volta do século XVII.

Bandas e músicos escoceses têm participado de festivais seculares no Brasil. Universidades escocesas buscam atrair estudantes brasileiros para se formarem em seus cursos de mestrado em óleo e gás, um dos melhores do mundo. Enfim, é um pequeno país, mas que desenvolveu intensa atividade e contribuiu razoavelmente para a construção do cenário brasileiro e mundial.


Religião


Igreja Livre Unida da Escócia: 42,4%

Catolicismo Romano: 15,9%

Outros grupos cristãos: 6,8%

Islamismo: 0,8%

Budismo: 0,1%

Judaísmo: 0,1%

Siquismo: 0,1%

Hinduísmo: 0,1%

Outras religiões: 0,5%

Religiões não-declaradas: 5,5%

Sem religião: 27,5%


Dados gerais


Continente: Europa

Capital: Edimburgo

Área: 77097 Km2

População: 5,8 milhões

Nacionalidade: escocesa

Idiomas: inglês, escocês e gaélico

Governo: parlamento britânico

Economia: libra esterlina (1 libra esterlina equivale a R$ 4,20)


Consulado Geral Britânico em São Paulo


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Tel.: (11) 3094 2700 / Fax.: (11) 3094 2717


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http://www.britishembassy.gov.uk


Referências:

http://www.britishembassy.gov.uk

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%B3cia

http://www.elalmanaque.com/turismo/escocia/ http://es.encarta.msn.com/encyclopedia_761561065_3/Escocia.html e

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