Apologética



Cultos afro-brasileiro – Parte 03 – Sincretismo Religioso


O sincretismo se caracteriza fundamentalmente por uma mistura de elementos culturais. Uma verdadeira simbiose, que resulta em uma fisionomia cultural nova, na qual se associam e se combinam as marcas das culturas originárias. O sociólogo Gilberto Freyre, comentando o sincretismo cultural, escreveu: Na ternura, na mímica excessiva, no Catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos todos a marca inconfundível da influência africana. Essas palavras expressam alguma verdade, contudo, temos ainda a influência religiosa, que deve ser analisada.

Quanto à influência do espiritismo, a Bíblia é enfática, temos o exemplo da igreja em Corinto. A conduta comum em Corinto, evidenciada pelos próprios costumes pagãos, estava encontrando apoio na comunidade cristã daquela cidade. O misticismo estava galgando espaço dentro da congregação cristã, e isso alarmou Paulo, que escreveu: Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1 Co 10.20-21).

Os cultos afro-brasileiros têm suas características religiosas peculiares, pois foram se configurando e desenvolvendo em ambientes que professavam ser cristãos. Sofreram influência do catolicismo em seus ritos e crenças; assim, por exemplo, os santos da Igreja Católica são identificados com entidades superiores das religiões africanas. Por outro lado, em 1983, na II Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura, realizada em Salvador, teve início um movimento contra o sincretismo nas religiões africanas. Esse movimento demonstra a real separação entre os objetos de cultos – mesmo entre católicos e espíritas.

A Sra. Stella de Oxóssi, mãe-de-santo, nome de grande destaque dentro do candomblé, em entrevista à revista Candomblé sobre o sincretismo disse: Para falar a verdade, eu sou uma das pessoas que mais combatem o sincretismo. Mas ainda existem aquelas que praticam. A meu ver, tais pessoas que sofrem resquícios da escravidão (...) um orienta o outro, para ver se conseguimos acabar com essa coisa, que eu acho que diminui a crença em nós. Se a liderança dos cultos afros reconhece que sua cultura nada tem a ver com o alvo cristão, somente nos resta verificar que o objetivo de evangelização foi substituído, na Igreja Católica pelo sincretismo, ou seja, a unificação de crenças espíritas e católicas.

Contudo, o costume de procurar um passe e depois ir à missa como confirmação continua sendo parte do tratamento sugerido nos terreiros. Esse sincretismo foi amplamente demonstrado pela imprensa em agosto de 1986, quando Mãe Menininha do Gantois, morta em 13 de agosto do mesmo ano, teve sua missa de 7º dia celebrada na igreja Nossa Senhora do Rosário, no Pelourinho de Salvador, e o celebrante lembrou que a mãe-de-santo era descendente de escravos e católica batizada. Nessa missa comungaram numerosos mães e filhos de santos, todos vestidos de branco.

Além dos elementos africanos, incorporaram ao seu patrimônio religioso traços do espiritualismo kardecista e do Cristianismo.

A comunidade espírita defende sua condição de uma religiosidade independente nessa posição, são ecumênicos. Enquanto no sincretismo você mistura duas coisas para enganar alguém e no fim, depois de tudo junto, não vale nada, citando as palavras da Sra. Stella de Oxóssi, a posição ecumênica significa uma disposição à convivência e diálogo com outras confissões religiosas estabelecidas. O Evangelho não comunga esse ponto de vista, respeitamos as opções culturais, mas incentivamos a mesma repugnância demonstrada em Éfeso. Lemos em Atos 19.19: Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinqüenta mil denários. Devemos evitar uso, leitura e qualquer envolvimento desnecessário ou curioso. Devemos praticar o exemplo bíblico.

Vejamos o sincretismo entre entidades afros e personagens cristãos:

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