Verbo



A confissão de um juiz



Por Abraão de Almeida

O texto que segue é a narrativa da experiência do norte-americano Jorge Alden, juiz do Supremo Tribunal do Estado de Massachusetts:

“Certo dia, fui visitar a pequena vila onde me criei, no Estado de Vermont. Ali encontrei um rapaz que ainda não havia terminado o seminário, mas estava pregando o evangelho durante as férias. Esse rapaz era tão hábil orador que John Wanamaker, grande negociante local, lhe ofereceu um alto salário para se encarregar dos anúncios de suas lojas nas grandes cidades do país. Quando o negociante me disse que o rapaz havia recusado a oferta excepcional que lhe fizera, fui visitá-lo com a intenção de persuadi-lo a aceitar o oferecimento. O que se passou, então, entre nós foi o seguinte (que o leitor apreciará como quiser):

— Jovem, permita-me perguntar como pode justificar a recusa do oferecimento de uma proposta que lhe dará lucros elevados e promoção no futuro?

— Ora, justifico-a pela simples razão de já possuir uma ocupação superior ao emprego de fazer anúncios para mercadorias.

— Mas qual é essa ocupação a que você se refere?

— Estou pregando o evangelho de Jesus Cristo.

— Pregando o evangelho? — respondi com sarcasmo. — Não sabe, meu jovem, que a sua ocupação tem pouco valor? A Bíblia, que é a base das suas mensagens, não é crida nem aceita por aqueles que têm juízo. De mais a mais, ela vale tanto quanto um ninho de passarinho do ano que findou, isto é, um ninho vazio. Eu sou mais velho que você e vim aconselhá-lo, como amigo, acerca da sua situação financeira. Vou completar trinta anos de advocacia em Boston; sou juiz do Supremo Tribunal de Massachusetts há doze anos, e declaro que não creio em nenhuma palavra da Bíblia.

“Notei, então, a firmeza do jovem. Ele não estremeceu, apesar de eu ter falado com voz de trovão. A resposta dele foi:

— Juiz Alden, na minha opinião seus argumentos também não têm nenhum valor. O senhor escolheu o lado negativo da questão. O seu caso foi decidido há muitos séculos pelo Supremo Tribunal do Universo.

— Meu caso foi resolvido pelo Supremo Tribunal do Universo? Pode, então, citar o volume e o parágrafo em que está a resolução?

O rapaz abriu a Bíblia, entregou-me e disse:

— Aqui está. Leia o senhor mesmo.

“Tomei o livro e li esta declaração: ‘Diz o insensato no se coração: Não há Deus’.

“Naquela hora eu ardia de raiva. Eu, o juiz Alden, um dos advogados mais conhecidos de Boston, com doze anos de exercício como juiz no Supremo Tribunal, insultado por um pregador que nem ao menos havia terminado o curso? Não pude conter-me e respondi, com ar de desprezo, que iria ler tudo quanto fora escrito contra a Bíblia, pelos mais célebres ateus, e depois voltaria para desmoralizá-lo com suas próprias armas. Supunha ser essa uma tarefa fácil, mas estava enganado.

“Esse rapaz ainda vive, mas eu não pude voltar para arrasá-lo, como pensei. Por que não voltei? Pela simples razão de que, quanto mais eu lia a Bíblia, quanto mais procurava argumentos para refutá-la, mais convicto ficava de que ela é a única revelação do caráter de Deus ao homem.

“É certo que esse acontecimento muito me humilhou, mas não me envergonho de narrá-lo, pois aprendi a conhecer a Bíblia e seu Autor. Dou graças a Deus por aquele pregador corajoso, por meio de quem conheci o maravilhoso Livro que revela a verdade divina. Minha sincera opinião é de que o nosso país necessita do evangelho de Jesus Cristo, o único que cura os males de que sofrem os homens no comércio, nos lares e na religião”.

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