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    Nzambe Ame Fulukidi Em Timiame Em Tima Yeto Angola! "A paz do Senhor esteja contigo, Angola!"

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Por Fernando Augusto Bento

A história da Angola é marcada por 500 anos de colonização portuguesa e mais quatro décadas de guerras. A colonização acabou, a guerra chegou ao fim, mas a luta ainda continua. Os angolanos precisam vencer a fome, a miséria e a malária. Não obstante, não deixam de ser pessoas corajosas, destemidas. O sorriso é uma constante em seus lábios e a esperança desse povo é de causar inveja aos povos mais bem tratados do mundo. Estão sempre dispostos a trabalhar para conquistar um futuro melhor para eles e seus filhos.

"A paz do Senhor esteja contigo, Angola", é o desejo dos missionários que atuam nesse campo tão carente. Donos de ritmos variados e danças deslumbrantes, os costumes e tradições dos angolanos influenciaram, ao longo dos séculos, muitas culturas e países, principalmente o Brasil. Mais sobre a Angola no texto que segue.


A origem da Angola


A África trouxe ao mundo muitos costumes e tradições que perduram até hoje na humanidade. O continente americano está cheio desses costumes, que se fixaram ao longo da história. A Angola mudou o conceito de sociedade que havia no Brasil.

Antes da colonização portuguesa, Angola era habitada por tribos que viviam com uma agricultura de subsistência, cuja administração dependia dos impostos pagos ao reino do Congo. Com a colonização portuguesa, o país passa a ter cidades que se tornaram forte alicerce para o comércio de escravos sob o domínio dos portugueses de Luanda (1576) e Benguela (1617). Durante os séculos XVI e XVIII, aproximadamente três milhões de angolanos foram enviados cativos para o Brasil.

Diogo Cão, o descobridor do país, foi quem estabeleceu os primeiros contatos com o território que, 1482, se tornaria a Angola. Foi nesse período, inclusive, que os portugueses passaram a estabelecer relacionamento político com o reino do Congo.

Vários sociólogos discutem a tese de que os países colonizados pelos portugueses e pelos espanhóis não conseguem chegar ao escalão de primeiro mundo porque foram vítimas de forte exploração dos recursos naturais que possuíam. Foi o que aconteceu com o ouro brasileiro e as grandes minhas de diamante de Angola.


Diagnóstico social


Angola viveu grandes desastres, principalmente no âmbito social. A guerra de 40 anos da qual foi vítima ocorreu devido aos diferentes pensamentos e opiniões entre o governo e os militantes políticos, em especial o partido político Unita (União Nacional para a Independência Total da Angola), que, do seu início para cá, já matou dois milhões de pessoas.

Mais isso não é tudo. O país sofre com a fome já há muitos anos. Cerca de duzentas pessoas morrem por dia por falta de alimentação. As crianças sofrem com a miséria e muitas delas não chegam à idade adulta. A taxa de mortalidade gira em torno de 117% da população. O saneamento básico só existe nas regiões urbanizadas.

O problema da fome no país fica transparente quando os angolanos, para sobreviverem, comem cachorros e gatos, o que tem causado a extinção desses animais domésticos. O povo angolano vive em média 46 anos, e mais da metade população não é alfabetizada. Esses fatos fazem que eles sejam menosprezados pelas sociedades detentoras de melhores condições de vida. Como se não bastasse a falta de comida digna para os angolanos, eles ainda sofrem outro problema: a existência de onze milhões de minas explosivas espalhadas por todo o país: uma para cada habitante. Essas minas são restos de um conflito que durou anos.

As quatro décadas de peleja entre os civis e o governo resultaram em um grande massacre: mais de 120.000 pessoas foram mutiladas. Esse fato desencadeou em uma grande peregrinação. O povo fugia em massa para regiões que estivessem longe dos combates.

A crise social da Angola reflete a situação vivida na África: fome, malária, medo, sofrimento, perda, dor...

É justamente esse o cenário da Angola e do resto do continente africano.


Aspectos culturais


A Angola, no entanto, não é só morte e dor. Não obstante a tantas crises, a cultura e a alegria do folclore angolano se destacam, o que mostra a outra face desse povo tão sofrido. Seus ritmos e alegorias alcançaram outros países do mundo, principalmente o Brasil. Sua dança, conhecida por nós como capoeira, ramificou-se em nossa sociedade durante o período escravista.

Nos primórdios da civilização da Angola, seu povo praticava a capoeira para preservar seus costumes. Os gestos dessa dança era parecido com os de alguns animais. Como luta, a capoeira veio da necessidade dos negros de se protegerem dos tormentos sofridos pelos senhores de engenho.

O samba, o axé (praticado na Bahia) e a timbalada são originários da cultura rítmica angolana. As comidas típicas da Angola se difundiram ao longo da história do Brasil, principalmente na Bahia, onde a culinária tem forte influência da miscigenação de negros, portugueses e índios.

Os pratos típicos desse povo são o famoso azeite de dendê e a feijoada, que surgiu nas senzalas no período colonial brasileiro e hoje é bastante consumida em nossa sociedade. Outro delicioso prato que sobreveio da mistura das culturas portuguesa e angola é a muamba de peixe, preparado com temperos fortes da África e do trato refinado da cozinha lusitana.


Desenvolvimento educacional


Nos últimos anos, a Angola vem mostrando grande potencial de desenvolvimento e, por conta disso, o governo está investindo educação, muito precária por lá. Mais da metade da população é analfabeta, pois a ditadura não possibilitava o crescimento da educação. O ensino básico nos últimos anos mudou. Agora, possui três níveis. Os alunos de 6 a 14 anos já conseguem chegar até a oitava série do primeiro grau, algo impossível anteriormente.

O grande desafio para o sistema educacional angolano é fazer que os cidadãos que não tiveram a oportunidade de estudar voltem às salas de aula. Para isso, o governo está ampliando a rede de ensino no período noturno para favorecer a aprendizagem dos adultos. Até o ano passado, o país só possuía uma faculdade que oferecia cursos de base, como, por exemplo, Medicina, Direito, Economia, Ciências, Engenharia e Agronomia. Um dos maiores problemas do sistema educacional angola é a falta de professores universitários, pois a maioria deles é composta por estrangeiros.

Como se não bastassem as dificuldades pedagógicas e financeiras para alicerçar o ensino na Angola, os conflitos iniciados em 1992 causaram muitas perdas nos patrimônios educacionais, destruídos pelo ativistas angolanos.


Desigualdade populacional


A desigualdade social e populacional perdura na Angola. Várias camadas da sociedade estão fragmentadas. Somente 34% da população é urbanizada e a minoria de brancos domina os setores econômicos. Grande parte dos angolanos vive em aldeias e regiões rurais do país.

A República de Angola possui uma população em torno de 13,5 milhões de habitantes, distribuída em uma área de 1246.700 quilômetros quadrados. Sua capital é Luanda, que também é sede do poder executivo, comandado pelo presidente José Eduardo dos Santos desde 1979 e reeleito em 1992. O poder legislativo é ocupado por uma assembléia nacional unicameral com 223 membros.

O país é dividido em 18 províncias, subdivididas em 193 municípios. A base da economia angolana é a exploração de diamantes e demais minérios. Os diamantes são vendidos no mercado negro e isso diminui a arrecadação de impostos para o governo.


A fé e o cristianismo


Embora a religião oficial de Angola seja o catolicismo, o povo, no entanto, está muito envolvido com o ocultismo, e isso bem antes da colonização portuguesa, quando invocavam os espíritos da terra, da água, do fogo e do ar.

Além do catolicismo e do ocultismo, outras crenças são visíveis entre os angolanos. Tratam-se das crenças afros, de origem milenar, anterior à colonização, praticadas pelas tribos que habitavam o território. Quanto ao cristianismo, ele engloba católicos e protestantes.

O maior problema religioso na Angola está relacionado aos governantes. Eles prometeram que erradicariam, em vinte anos, o cristianismo. Desde então, os cristãos passaram a ser coagidos e perseguidos. Na década de 80, o instrumento usado para conter o avanço do evangelho foi o comunismo. E também a guerra e a desnutrição, causada pela fome. É justamente esse tipo de barreira que os missionários têm encontrado por lá. Os angolanos querem ouvir a mensagem dos servos de Deus, mas antes desejam que eles saciem a fome de seus filhos.

Em outras palavras, podemos dizer que os angolanos são receptivos ao evangelho, mas as calamidades sociais têm falado mais alto. Até mesmo a igreja católica tem enfrentado obstáculos, o que tem impedido a expansão de suas missões.


As igrejas evangélicas


Uma boa notícia. Nos últimos anos, a igreja evangélica angolana vem crescendo sobremaneira, apesar da falta de infra-estrutura social. Os missionários têm encontrado, junto ao povo angolano, certa receptividade ao evangelho. Os grupos de missionários brasileiros que já estiveram lá estão satisfeitos, pois suas viagens produziram grandes resultados. Os crentes angolanos demonstram forte desejo de crescer na fé e no conhecimento e estão voltados para a pregação do evangelho. "Os brasileiros são vistos por eles como um povo irmão, uma vez que ambos os povos foram colonizados por Portugal e falam o mesmo idioma", declarou pastor Tatiro, depois de sua viagem àquele país.

As missões que fundaram a igreja evangélica em Angola ocupavam as regiões rurais, onde funcionavam suas sedes. Os 500 anos de colonização portuguesa foram o maior obstáculo para o crescimento e desenvolvimento das regiões rurais, pois o avanço desse lugares não beneficiava o sistema. Com a independência do país, no final da década de 70, e o agravamento da guerra, a área de atuação das fundações evangélicas passou a ser as cidades. Essa mudança trouxe alguns problemas. Entre eles, a precariedade da infra-estrutura e a falta de recursos financeiros para a propagação do evangelho.

No início, um dos grandes obstáculos para o crescimento das igrejas evangélicas angolanas são a falta de conhecimento do povo e a carência de infra-estrutura, fatores que limitam a atuação dos missionários. Mas esse quadro está mudando. Hoje, os apelos para o desenvolvimento das igrejas urbanas tem causado efeito. Com o surgimento de faculdades, as cidades estão-se intelectualizando e têm-se tornado grandes centros missionários. O deslocamento dos habitantes da zona rural ocorreu devido à guerra. Mas as pessoas estão retornando às cidades em busca de segurança e melhoria de vida. As igrejas evangélicas têm sido o arranque para a expansão do evangelho entre os angolanos e suporte para arquitetar as estruturas que hão de ajudar na reconstrução do país.

Devemos orar para que Deus intervenha e mude o cenário histórico e cultural da Angola. A reconstrução da sociedade angolana precisa acontecer. E o nosso dever, como irmãos desse povo, pois falamos a mesma língua, é orar para que Jesus sare esse país, que tanto carece de ajuda social, econômica e, principalmente, espiritual.

Que Deus esteja contigo, Angola, para aplainar e iluminar o seu caminho.


Do total da população de 13,5 milhões


Católicos Romanos: 62,1%

Protestantes: 15%

Outras religiões: 16,9%

Crenças tradicionais: 5%

Ateísmo: 1%


Palavras herdadas dos angolanos


Banguela. Etnia de onde vieram os guerreiros de jagas. Estes tinham o costumes de arrancar os dois dentes superiores da frente. Daí o sentido, no Brasil.

Karmbo. Com origem do quimbundo "karimu"(marca), significa o sinal que marcava os negros com ferro em brasa.

Kilombo. Nome dado ao acampamento militar dos guerreiros jagas. No Brasil, a palavra era usada para nomear o refúgio dos escravos fugitivos.

Maneiro. Adjetivo de uso náutico, significa que a embarcação é maleável, manobrável.

Mukambo. Cumeeira, em quimbundo. Mais especificamente, forquilha de encaixe do teto das casas brasileiras da época colonial. No Brasil, virou esconderijo dos escravos insurretos e, depois, habitações miseráveis.

Pagar o pato. Expressão antiguíssima, inspirada no hábito de pagar impostos com animais domésticos.


Motivos de oração


1. Para que Deus oriente os líderes políticos e eles trabalhem em favor do bem-estar do povo.

2. Para que a reconstrução do país traga maiores benefícios ao povo angolano que muito tem sofrido com a guerra.

3. Pela provisão de alimento e trabalho, pois cerca de 200 pessoas morrem de fome diariamente .

4. Para que a paz reine entre os angolanos.

5. Para que Deus abençoe a igreja evangélica e ela experimente um crescimento sadio.


Você sabia que...


... o candomblé foi introduzido no Brasil por meio dos escravos que vieram de Angola.

A nomenclatura varia de acordo com a região onde os negros escravos eram estabelecido . Por exemplo, no Rio de Janeiro foi denominado macumba; em Pernambuco e Alagoas, xangô ; no Maranhão, tambor- de-mina; em Minas Gerais, canjerê; no Rio Grande do Sul, batuque. Fora do Brasil, ele é conhecido como santeria em Cuba, e como vodu no Haiti.

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