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    Coréia do Norte - O último país stalinista do planeta

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Por Gilson Barbosa

País asiático, a Coréia do Norte ocupa a metade norte da Península coreana. Ao norte faz fronteira com a China e com a Rússia; ao sul, com a Coréia do Sul; a leste, com o Mar do Leste (Japão); e a oeste, com a Baía da Coréia. Sua capital é Pyongyang.

É um país um tanto que paradoxal. Com um ditador exótico no poder e com sérios problemas sociais, é detentora do quinto maior exército mundial. Bastante emblemático, o país tem dado motivos para vasta cobertura jornalística pelo mundo afora. Considerado por George Bush, presidente dos EUA, como integrante do eixo do mal - junto com Irã e Iraque - a Coréia do Norte enfrenta uma encruzilhada bélica, atraindo para si toda a atenção e cuidado por parte das autoridades mundiais. Por tudo isso, a leitura sobre este país certamente merece sua atenção.


História Antiga


Os estudiosos deste país afirmam que o mesmo teve origem em um tempo muito distante (cerca de 2333 a.C), na lendária dinastia de Tangun. A península da Coréia, conforme acredita-se, primariamente recebeu a povoação migratória das tribos originárias do norte e centro da Ásia. Estes povos, trouxeram consigo a cultura, idioma e a religião animista.

O primeiro reino coreano, investido de fortes provas arqueológicas, se desenvolveu na atual capital Pyongyang. Após doze séculos de domínio, este reinado - dinastia Tangun - chegou ao fim com a invasão chinesa por volta de 1122 a.C. Toda a península coreana foi dominada. A sucessão de Kija - o líder da invasão chinesa - por monarcas coreanos - dinastia Yi Pyong-do - foi interrrompida quando um de seus descendentes foi derrotado em 194 a.C.

No século I da Era Cristã, a Península coreana estava dividida em três reinos: Silla, Kogurio e Paekche. Intensos conflitos houve entre estes reinos durante os seis primeiros séculos de nossa era, mas, o reino de Silla derrotaria os outros dois reinos (Kogurio e Paekche) em 668 d.C. Embora os camponeses pagassem tributos pesados e se revoltassem contra o sistema vigente, economicamente a península usufruía de bons momentos.

O reino de Koryo - raiz da palavra Coréia - originou-se através da revolta destes camponeses e suplantou a dinastia Silla, em 918 d.C. No ano 935 d.C. aconteceu a unificação total da península coreana. Ofensivas a China e Japão foram as estratégias dos mongóis, que haviam invadido a península em 1231 d.C. e a utilizavam como plataforma militar. No ano 1392 d.C. o general Yi Songgie apoderou-se do trono coreano permanecendo, esta dinastia, até 1910 d.C., quando o Japão anexou a península coreana ao seu território após muita disputa com a China pelo território desde o século XV. A religião oficial implantada pela dinastia do general Yi foi o confucionismo. Antes deste tempo, o budismo era a religião que imperava. A herança budista e confucionista é patente e evidente ainda hoje na Coréia.

O Japão subjugou a Coréia forçosamente, a partir de 1910, implantando seu modelo econômico e administrativo, mudando os costumes coreanos e apresentando a língua japonesa, em detrimento da coreana, como a língua oficial, inclusive ensinando o idioma japonês nas escolas. A cultura coreana foi prejudicada. Esta invasão japonesa perduraria até meados da Segunda Guerra Mundial (1945).


Guerra Fria


Livre da opressão japonesa, pois, o Japão havia sido combatido pela então URSS e os Estados Unidos, a Coréia enfrentou a disputa destas duas hegemonias da época. As duas potencias lutariam para implantar os modelos econômicos, militares, e políticos, cada qual a sua maneira. Os Estados Unidos, defensores do capitalismo, e a União Soviética, defensora do comunismo. Esta última dominou a região norte da Coréia, e os Estados Unidos, o Sul. Esta divisão nada teve a ver com os anseios dos coreanos, mas visou apenas os interesses geopolíticos das duas nações. É a tão conhecida "Guerra Fria", que não tem a ver com bombas, armas, mísseis, mas foi antes uma luta travada apenas no âmbito ideológico.

Estados Unidos e União Soviética, no período da "Guerra Fria" sempre esboçaram um confronto direto. Ambas, possuindo arsenal nuclear, transmitiam ao mundo de então o medo de que o mundo estávamos prestes do fim. Somente com o declínio da União Soviética, pelos idos de 90, é que a situação se alterou e se acalmou.


Paralelo 38º


Esta é a posição no mapa-mundi que divide as duas Coréias.

Com dois modelos diferentes no campo ideológico, conseqüentemente, não haveria nenhuma condição de a Coréia permanecer unificada. Logo, as negociações para a unificação fracassou. Só restaria a separação dos dois estados tornando se autônomos, fato que se deu em 1948: República Popular Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul). A União Soviética e a China apoiaram a Coréia do Norte e os Estados Unidos, a Coréia do Sul. Esta disputa duraria cerca de cinco anos (1945-1950).

A divisão das Coréias estendeu-se para o âmbito político-administrativo, e não somente territorial. Estas divergências permanecem atualmente. A Coréia do Norte é comunista, e a do Sul, capitalista. Cada uma seguindo o modelo implantado pelos seus invasores e "defensores".


Guerra das Coréias


A retirada dos exércitos russo e americano não diminuiu os conflitos e tensões. As duas Coréias estariam em lutas armadas entre 25 de junho de 1950 a 27 de julho de 1953.

Alegando violação do paralelo 38º, os norte-coreanos invadiram o sul com a tentativa de unificar o país sob o regime comunista. A capital Seul foi dominada. À época, o Conselho de Segurança da ONU nomeou o general americano Douglas MacArthur para ajudar a Coréia do Sul a rechaçar seus invasores. O objetivo do general era reconquistar os territórios dominados e avançar ao norte conquistando toda a Coréia do Norte. A capital Pyongyang foi invadida pelos exércitos sul-coreanos e americanos.

Mas esta conquista não seria nada fácil. A China entrou com seu exército para reforçar o lado norte. O general MacArthur intentou reprimir a China e seu aliado. O perigo de uma Terceira Guerra Mundial era iminente. Assim, diante disso, o presidente Truman - dos Estados Unidos - substituiu MacArthur pelo general Matthew Ridgway.

Em 27 de julho de 1953 foi assinado o acordo de Panmunjon. Este, fixaria os limites outrora estabelecidos tanto para a Coréia do Sul quanto para o Norte: o Paralelo 38º. A unificação não se concretizou e permanece assim até os dias atuais. A guerra dizimou cerca de três milhões e meio de pessoas entre civis e militares.


A bomba atômica


Um possível teste nuclear realizado por este país deixou a comunidade internacional em estado de alerta máximo em 09 de outubro de 2006. Desvario, precaução, proteção à população norte-coreana? O mundo já tem a resposta convincente. Trata-se de uma iniciativa perdida em um emaranhado mundo de idéias e obsessão pelo poder.

Contudo, há um outro ponto de vista acerca desta questão. Os estudiosos do assunto preferem entender que Kim Jong Il, o atual imperador norte-coreano, quer chamar a atenção da comunidade global na base da ameaça nuclear, pois, com a economia estagnada, e pessoas morrendo de fome, espera com isso obter ajudas, principalmente dos países vizinhos. Apesar destes fatos, a agência oficial de notícias da Coréia do Norte, anunciou o sucesso do teste nuclear com a seguinte expressão: "Este foi um grande salto adiante na construção de uma grande, próspera e forte nação socialista".

Grande parte da arrecadação econômica e financeira do país é destinada a gastos militares e de produção e fabricação de aparatos de caráter bélico. Enquanto isso, a população sofre. A Coréia do norte é o nono país com posse de material nuclear. Os outros são: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão e Israel.


Culto a personalidade


A República Democrática Popular da Coréia tem seu poder concentrado nas mãos de um único homem. Kim Il Sung dominou e governou este país de forma ditadorial do final da década de 40 até sua morte em 1994. Seu filho Kim Jong-Il assumiu o comando de todas as formas governamentais e está no poder ainda nos dias atuais. Ele, sozinho, rege toda a economia norte-coreana, decidindo desde onde aplicar os investimentos até a fixação dos preços dos produtos, a localização e as industrias a serem hospedadas em seu território. Kim Il Sung, é idolatrado pelos habitantes do país. A ele foram erguidos cerca de 34 mil monumentos em sua homenagem. Mesmo após sua morte, é considerado como o "presidente eterno". Anualmente, são reservados dois dias do ano - 15 de abril e 16 de fevereiro - para homenagear Kim Il Sung e seu filho Kim Jong-Il. Estas datas são referentes ao nascimento de cada um deles, respectivamente.


Cultura


Na Coréia do Norte vivem por volta de 24 milhões de pessoas, a metade da população que existe no sul. Na Coréia do Norte, não há grupos raciais minoritários, pois, etnicamente, é bastante homogênea. Normalmente, os coreanos são amáveis e simpáticos.


Artes

Kim Il Sung promoveu em grande medida as artes e a cultura tradicional coreana, e embora as suas razões tenham sido objeto de debate, pelo desmesurado engrandecimento de todo coreano, há quem diga que a verdadeira Coréia está no norte.

O budismo tem desempenhado um papel muito importante na arte coreana. As belas obras artísticas e a arquitetura encontram-se nos templos e túmulos budistas. Os murais das paredes dos antigos túmulos são principalmente da Dinastia Choson.

Não é preciso fazer menção ao reconhecimento da beleza artística da cerâmica coreana. A tradição e a técnica da elaboração das porcelanas têm sido transmitidas de geração em geração.

A música tradicional coreana interpreta-se com instrumentos típicos, como o kayagum e o komungo. O canto folclórico mais popular é o pansori, uma canção na qual conta-se diferentes histórias.


Gastronomia

A base da alimentação coreana é principalmente a carne, o peixe e as aves de curral. A comida vegetariana não é muito popular. Nestes momentos o país atravessa por um crítico desabastecimento.

Os álcoois são importados na sua maioria, embora a cerveja local não seja má. A Coréia do Norte produz água mineral e sucos de fruta excelentes.


Entretenimento

As ruas pela noite parecem desertas. As poucas discotecas são para os turistas. Nos hotéis, pode-se encontrar algo para se divertir. Mas este é um país para descobrir, de uma cultura e uma realidade particular. Certamente, os turistas passam a maior parte do tempo fazendo excursões pelo território e conhecendo a sua história, os seus moradores, os seus dias e a sua situação.

Os dias festivos oficiais são o 1º de janeiro, ano novo; 16 de fevereiro, aniversário de Kim Jong-Il; 15 de abril, aniversário de Kim Il Sung; 25 de abril, Dia das Forças Armadas; 1º de maio, dia do trabalho; 9 de setembro, dia da Fundação Nacional, e 10 de outubro, dia dos trabalhadores coreanos.


A fome


Enquanto o investimento bélico é prioridade e preocupa o ditador Kim Jong-Il, a população vive a margem da miséria. A fome é uma realidade crucial. A canalização dos investimentos são para a manutenção do exército. Não só do erário, mas até em relação aos alimentos em si. Há notícias de que o ditador chegou a desviar alimentos dos pobres para o exército.

A revista Veja publicou há dois anos uma triste notícia triste acerca da fome na Coréia do Norte: "Estima-se que dois milhões de norte-coreanos tenham morrido de fome na última década em decorrência de desastres naturais que agravaram o fracasso da economia comunista".


A igreja cristã na Coréia do Norte


Quase 70% da população não professa nenhuma religião. O restante segue crenças asiáticas como xamanismo, confucionismo ou budismo. A Coréia do Norte tem sido profundamente marcada por um "culto à personalidade" que elevou o falecido ditador King Il Sung à posição de um deus. O governo utiliza severos controles para incutir essa ideologia sobre cada cidadão. Todas as religiões contrárias a esta ideologia são proibidas.

Menos de 2% da população é cristã, apesar de o cristianismo ter uma longa história na região. Antes da guerra, o país era palco de um reavivamento. A capital, Pyongyang, abrigava quase meio milhão de cristãos, constituindo na época cerca de 13% da população. Após a guerra, muitos cristãos fugiram em direção ao sul ou foram assassinados. Atualmente, há três igrejas na cidade, mas elas são basicamente "igrejas de fachada", servindo à propaganda política. Quase todos os cristãos na Coréia do Norte pertencem a igrejas não registradas e clandestinas.

A perseguição aos cristãos foi intensa durante o período de dominação japonesa, especialmente devido à pressão exercida pelos dominadores para a adoção do xintoísmo como religião nacional. Desde a instalação do regime comunista, a perseguição tem assumido várias formas. Em um primeiro momento, os cristãos que lutavam por liberdade política foram reprimidos. Depois, o governo tentou obter o apoio cristão para seu regime, mas como não obteve êxito em sua tentativa, acabou por iniciar um esforço sistemático para exterminar o cristianismo do país. Edifícios onde funcionavam igrejas foram confiscados e líderes cristãos receberam voz de prisão. Ao serem derrotados na Guerra da Coréia, soldados norte-coreanos em retirada freqüentemente massacravam cristãos com a finalidade de impedirem sua libertação. O governo norte-coreano fiscaliza rigorosamente os movimentos religiosos no país, exigindo o registro de todas as igrejas e de seus membros.


O futuro

Apesar das pressões atuais, o futuro da igreja é muito promissor. O número de cristãos, estimado hoje em 450 mil, está crescendo rapidamente e poderá somar mais de um milhão por volta de 2050. Observadores da Coréia do Norte também acreditam que muitas das restrições atuais serão suspensas ainda no início deste século, talvez com uma possível mudança de governo. Se isso ocorrer, espera-se que o Evangelho seja rapidamente difundido entre a população norte-coreana, assim como ocorreu na Coréia do Sul.


Motivos de Oração


1. A igreja está crescendo. Louve a Deus pelo crescimento da igreja e pela capacidade dos cristãos norte-coreanos de divulgar o Evangelho mesmo sob rígidas restrições. Ore para que novas oportunidades de evangelismo sejam descobertas.

2. O país sofre com a fome e a desintegração econômica. A situação atual é terrível, mas Deus está usando esse sofrimento para o bem. Portas estão se abrindo para o Evangelho à medida que o governo torna-se cada vez mais favorável a aceitar os ministérios cristãos de ação social e humanitária. Ore para que esta pequena abertura na esfera governamental possa expandir-se rapidamente.

3. O povo sofre com a obrigação de cultuar os líderes do país. Como o rei Dario à época de Daniel e os Césares do Império Romano, o governo instituiu um culto à personalidade, exigindo adoração ao falecido rei Kim Il Sung e ao seu filho, que o sucedeu no governo. Ore para que o vazio dessa falsa religião torne-se evidente e para que os norte-coreanos busquem o Deus verdadeiro.

4. Organizações missionárias voltadas para a Coréia do Norte prosseguem em sua preparação. Louve a Deus pelo grande volume de recursos que estão sendo disponibilizados para ajudar o país. Ore para que as organizações missionárias encontrem formas de realizar seu trabalho nos dias de hoje. Ore também para que estas organizações estejam preparadas para agir conjuntamente quando as portas do país se abrirem para o exterior.

5. Entrar no país exige muita criatividade. Louve a Deus pelas formas criativas - que incluem até balões - utilizadas pelos norte-coreanos para levar o Evangelho para dentro de seu país. Ore para que esses esforços tenham resultados significativos.

6. Os cristãos coreanos sofrem com a falta de Bíblias. A maioria dos cristãos não possui sua própria Bíblia e muitos sequer têm acesso a uma. Ore para que ministérios cristãos consigam suprir o país com Bíblias. A maioria das Bíblias tem de ser contrabandeada e equipes de entrega continuam sendo necessárias.


Dados gerais


População: 23.113.019 (Julho 2006 est.)

Nome oficial: República Democrática Popular da Coréia (Choson Minchu-chui Inmin Konghwa-guk)

Capital: Pyongyang

Nacionalidade: norte-coreana

Idioma: coreano

Moeda: won norte-coreano


Religião


Ateísmo ou sem filiação: 67,9%

Crenças tradicionais: 15,6%

Chundo kyo: 13,9%

Budismo: 1,7%

Cristianismo: 0,9% (maioria católica romana)


Embaixada para o Brasil


Embaixada da Coréia do Norte - Lima - PERU

Los Nogales 227 - San Isidro - Lima 27

Lima - Peru

Tel. (00xx51-1) 441-1120

Fax (00xx51-1) 440-9877

e-mail: embcorea@hotmail.com


Consulados no Brasil: Não há.


Notas:

1 Pela estrutura política, que centraliza o poder decisório de todos os sectores da sociedade num só organismo, o Partido, pode-se bem afirmar que a Coréia do Norte é o último país stalinista do planeta, pois adota um sistema de governo muito similar àquele adotado na URSS durante a ditadura de Josef Stalin. E como tal, promove repressões políticas aos opositores, prendendo-os, torturando-os, executando-os ou enviando-os aos campos de trabalho forçado, os chamados gulags. Agindo assim, o governo norte-coreano pretende construir um monopólio político-ideológico na sociedade norte-coreana.

2 Os quatro primeiros são: Estados Unidos, Rússia, China e Israel.

3 http://www.rumbo.com.br/guide/br/asia/coreia_norte/intro.htm

4 VEJA. Edição 1790/19 de fevereiro de 2003.

5 Extraído do livro Cristianismo de alto risco. Carrenho Editorial: São Paulo, 2002.

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