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    O despertar do gigante chinês

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O colosso chinês, grande promessa econômica, infelizmente ainda deixar de lado os direitos humanos, executando seus cidadãos só porque contraíram Sars, pneumonia asiática


Por Fernando Augusto Bento

A China é intitulada como o "grande gigante adormecido". Por esse motivo, ela dá sinais de que, em alguns anos, irá acordar de seu sono milenar, tornando-se a próxima potência mundial. Desde sempre, os chineses despertam interesses, porque sua história envolve sete mil anos de tradição. Quem pensa que os chineses são atrasados, e até hoje só andam de bicicleta, se engana.

Ano passado, a China foi considerada a terceira potência mundial em relação à corrida espacial. Hoje, cresce cerca 8% ao ano.

Mas, infelizmente, tal crescimento não torna o país o melhor lugar para se viver, pois ainda há milhares de pessoas que vivem num passado remoto, sem tecnologia; num futuro incerto.

Nesta edição, veremos também a postura religiosa da China moderna e sua cultura fascinante.

Nós, brasileiros, às vezes, não prestamos atenção no óbvio: há mais de dez anos o nosso setor comercial tem sido grandemente influenciado por produtos chineses. E fácil notar. É só percorrer as ruas Santa Efigênia e 25 de Março, na capital paulista. Lá, encontramos todos tipos de bugigangas eletrônicas cujos rótulos trazem os dizeres made in China. Para elucidar ainda mais o que estamos dizendo, certamente há, aí na sua mesa do escritório, ou em sua casa, uma calculadora produzida na China. Melhor! Se alguém quiser conhecer um pouco desse país sem sair do Brasil é só ir ao bairro da Liberdade, em São Paulo.


Cultura milenar e fascinante!


A grandeza de povo se faz sentir desde Bruce Lee, o maior divulgador das artes marcias da China, aos ingênuos escultores e mestre das artes, que vivem isolados no Tibete. A arquitetura chinesa se tornou um de seus maiores cartões-postais, já que são notórias a marca de seus templos retangulares e a forma harmônica de suas casas quadradas. Tudo isso misturados com arranha-céus. Além do mais, possui a maior obra arquitetônica do mundo, a única que pose ser vista do espaço. Estamos falando das Muralhas da China, que cortam o país. A maioria da arquitetura chinesa está ligada às religiões dos templos: que variam do budismo ao taoísmo indo até a religião ancestral do povo. Mas todas elas seguem a mesma estrutura básica.

Os chineses também são conhecidos por dominarem a arte da porcelana e da escultura de marfim. Muitos artesões, no interior do país, ainda guardam a tradição de esculpir em rochas, uma arte influenciada pelo budismo ou por seus antepassados.

Da capital Pequim a Hong Kong, a variedade da alimentação é um espetáculo à parte! Causando, ao mesmo tempo, curiosidade e espanto aos ocidentais. Existem lá mercados populares, uma espécie de feira livre, igual à do Brasil, onde se vende de tudo, de cobras a animais silvestres. Os chineses comem muitas coisas que para nós, latino-americanos, são estranhas:cachorros, raízes amargas, etc. Eles têm várias regras e costumes associados ao ato de comer. Por exemplo, devem comer sentados. Há uma ordem estabelecida de quem pode sentar-se primeiro entre os homens, mulheres, velhos e jovens. Os pratos principais devem ser consumidos com os palitos e a sopa, tomada com colher.

Um bom banquete chinês é preparado num sistema de mesas. Cada mesa deverá acomodar entre dez e doze pessoas. Um jantar típico consiste de quatro pratos de entrada, tais como: frios ou quentes, seis a oito pratos principais. Depois, vem um saboroso cardápio de petiscos e sobremesa. Os métodos de preparo incluem mexidos, cozidos, comidas a vapor, fritura profunda, fritura rápida, fritura de panela, entre outros.

Os tomates são cortados em rodelas ou em forma de escultura. Os rabanetes brancos ou pepinos podem ser usados para aumentar a atração visual de um prato.

Todos esses elementos contribuem para fazer da comida chinesa uma verdadeira festa aos olhos e narinas, e também ao paladar. Os chineses acreditam que os alimentos são remédios, têm poder curativo.


Paradoxo social


Os chineses possuem princípios éticos muitos elevados. São tidos como ótimos trabalhadores. Sua educação faz deles seres humanos extremamente devotados ao trabalho e ao governo. Têm como base de vida o respeito ao mais velhos, ao professores e a todas as pessoas que possam ensiná-los alguma coisa. No entanto, sua condição social é extremamente desigual. Existem por lá lugares parecidos com Los Angeles e outros semelhantes, em todos os sentidos a Cabul. A tamanha desigualdade social pode ser sentida na "pele" quando se trata dos direitos humanos estabelecidos pela ONU - Organização das Nações Unidas. A situação tem mudado, mas numa escala quase imperceptível!

Em 2003, com o advento da Sars, pneumonia asiática, alguns chineses foram executados por terem contraído a doença. É o caso, por exemplo, do agricultor Liu Baocheng, que foi condenado à morte simplesmente porque transmitiu, involuntariamente, a doença a dezenas de pessoas. Outro indivíduo está correndo o risco de ir para o paredão! Trata-se de um funcionário de saúde da província central do país. O pecado agora está relacionado aos dados que mostram que a AIDS aumentou consideravelmente na região. Segundo a ONU, a estatística que aponta cerca de 1070 executadas, entre 2002 e 2003, é subestimada. Qualquer que seja a conta exata, o país é, de longe, o campeão mundial de execuções. Os condenados têm poucos dias de vida. A execução é feita em estádios. A vítima é morta com um tiro na nuca com uma bala comprada pela própria família. "Os ocidentais não sabem o poder discricionário que os dirigentes chineses têm", explica o norte-americano Ross Terril. Terril é um experiente estudioso da China, já residiu em Pequim e é autor do livro O novo império chinês.

O crescimento econômico que chama a atenção dos EUA e da União Européia ainda não pode ser visto na vida dos chineses, que possui uma renda per capita de aproximadamente 900 dólares, praticamente miserável, comparada à brasileira: quase cinco vezes mais.

Outro grave fator que envolve os chineses é o aborto de bebês do sexo feminino. Por conta disso, a China pode chegar, até o ano 2020, a ter uma população masculina maior que a da Malásia: aumentando os crimes e a prostituição no país.


A religião


O povo chinês é tido como extremamente religioso. Embora o governo comunista tenha certo conservadorismo quanto à religião, mas, em se tratando da civilização milenar chinesa, a crença está totalmente enraizada à sua origem. Primeiro veio Confúcio (551 a.C.). Este famoso filósofo chinês devolveu suas idéias na época da dinastia Chou, caracterizada pela falta de valores morais. Logo depois, foi a vez do budismo, no século 1o (antes da nossa Era). Todavia, foi somente no século 4o que começou a difundir-se amplamente, tornando-se, pouco a pouco, a religião de maior influência. Atualmente, existem mais de 13 mil templos budistas e 200 mil monges e monjas na China.

O taoísmo se formou no século 2o. Sua origem está nas práticas das feiticeiras e dos alquimistas, que vivem em busca de imortais e gênios, uma atitude própria da sociedade chinesa dos antigos tempos que adorava espíritos e demônios. "Considera que, por meio do aperfeiçoamento, o homem pode chegar a unificar-se com Dao e tornar-se imortal". Existem mais de 1.500 mosteiros taoístas e a quantidade de monges e monjas é de mais de 25 mil.

O islamismo foi introduzido na China em meados do século 7o, durante as dinastias Tang e Song. Mas foi somente na dinastia Yuan que o islamismo prosperou. Hoje, existem naquele país mais de trinta mil mesquitas e quarenta mil imames e akhunds.

O catolicismo teve início no mesmo século, depois da Guerra do Ópio de 1840, quando se propagou em grande escala Atualmente, existem quase quatro milhões de católicos e a quantidade de religiosos e servidores passa de quatro mil. São mais de 4.600 igrejas e centros de reunião.

O protestantismo foi inserido nos primeiros anos do século 19 e se difundiu em grande escala depois da Guerra do Ópio. Hoje, são quase dez milhões de protestantes, com dezoito mil pastores, doze mil igrejas e mais de 25 mil lugares simples para suas atividades.

No Tibete, a maioria das massas populares professa o budismo tibetano. Atualmente, o Tibete possui mais de 1.700 locais de atividades budistas e seus monges e monjas internos quase chegam a 46 mil. Nas casas dos fiéis, há, quase sempre, uma pequena sala de sutras ou nicho com a estatueta de Buda.

Nas províncias de Xinjiang e Ningxia, as repartições governamentais oferecem diversos serviços para a peregrinação dos muçulmanos. A partir da década de 80, mais de quarenta mil muçulmanos chineses viajaram em peregrinação a Meca. Em Xinjiang, existem mais de 23 mil mesquitas, 29 mil religiosos e empregados, satisfazendo às necessidades dos fiéis em suas atividades religiosas.


Abrindo as portas


Existem muitas agências missionárias em campo na China. A Missão Portas Abertas, do missionário André, o "contrabandista" de Deus, desenvolve junto a esse povo um notável trabalho de entrega de Bíblia. No interior da China, onde Portas Abertas faz distribuições de Bíblias, existem muitos vilarejos que não possuem estradas e o acesso a esses lugares é bastante difícil. Mas quando os missionários conseguem chegar, o evangelho é bem aceito.

"Ainda há muito trabalho a ser feito na China. É insuportável saber que inúmeros vilarejos têm somente dois exemplares da Bíblia para que as crianças possam aprender de Deus", disse Johnny Li, representante e conferencista internacional da Missões Portas Abertas.

O problema maior se agrupa na região urbana, onde a concentração da superpopulação, aliada à busca material a qualquer preço, têm sido um grande obstáculo ao crescimento do evangelho. Sem contar a austeridade dos comunistas, que lutam contra os evangélicos. São cerca de sessenta milhões de comunistas, embora muitos sejam, secretamente, religiosos. Para se ter uma idéia, existem comunistas que professam, em segredo, a fé cristã.

Os missionários na China enfrentam problemas quando têm de ensinar jovens e crianças. A proibição parte do governo, que alega que, caso esses segmentos sejam educados na fé evangélica, o partido comunista perderá seu domínio. Mas, quanto a esse assunto, Deus concedeu uma estratégia aos missionários. Estão criando as chamadas igrejas domésticas, grandes responsáveis pelo crescimento do evangelho por lá, onde, em secreto, ensinam a Bíblia para as crianças.

A superpopulação chinesa é um alvo atual para se fazer missões e propagar o "Ide" de Jesus. O nosso maior encorajamento deve ser para que esse gigantesco país acorde do seu sono. O despertar econômico para o capitalismo, de acordo com importantes pastores que estiveram na China, é uma resposta às orações do povo de Deus. Mas ainda há muitos obstáculos a serem vencidos. O "gigante" chinês já mostra sinais de abertura política e social, mas o desafio continua latente.

As agências missionárias precisam de ajuda financeiramente e de oração, para que possam levar o evangelho ao amigo gigante de olhos puxados que dorme. Vamos acordá-lo!


Linha do tempo em relação à civilização chinesa


* 5000 a.C - Primeiros indícios de uma vida em comunidade

* 1600 a.C - Primeira dinastia organizada

* 1300 a.C - Utilização do método decimal

* 551 a.C - Nascimento do filósofo Confúcio, pensador influente até hoje

* 500 a.C - Utilização do arado de ferro

* 220 a.C - O uso da bússola

Marco zero: nascimento de Jesus Cristo

* 105 - Invenção do papel

* 130 - Primeiro sismógrafo rudimentar

* 650 - O papel-moeda começa a ser usado

* 1044 - Invenção da pólvora

* 1500 - A grande muralha começa a ser construída

* 1842 - A China perde a guerra do ópio e os europeus invadem seu território

* 1949 - Os comunistas chegam ao poder com Mão Tsé-tung

* 1958 - 30 milhões morrem no grande salto para frente que durou dois anos

* 1964 - A China testa sua primeira bomba atômica

* 1966 - Início da revolução cultural, que faz três milhões de vítimas

* 1976 - Morre Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping torna-se o novo líder

* 1978 - O refrigerante Coca-Cola chega ao país

* 1989 - O massacre dos estudantes na praça da paz celestial

* 1997 - Hong Kong é devolvida ao governo chinês

* 2003 - Primeira nave espacial chinesa tripulada vai ao espaço

* 2004 - Governo chinês começa rever os direitos humanos impostos

Fonte: universidade de São Paulo - USP


Você sabia que... a China tem uma população de 1,3 milhões de pessoas


Estatística religiosa

Sem religião: 49,58 %

Religião chinesa: 28,50 %

Budismo: 8,38 %

Cristãos: 7,25 %

Tradição étnica: 4,29 %

Muçulmanos: 2,00 %


Curiosidades

 A china possui cerca de 50 milhões de usuários de Internet.

 Milhões de agricultores vivem e trabalham como há centenas de anos, sem conhecer o mundo moderno.


Para saber mais sobre a China

Almanaque Abril, edição 2004

Intercessão Mundial, edição 2003

Biblioteca on line da USP-Universidade de São Paulo

Missão Portas Abertas

www.portasabertas.org.br

Instituto Cristão de Pesquisas

www.icp.com.br

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