Entrevista



Paulo César Pimentel



Por Elvis Brassaroto

A epístola universal de Judas traz uma exortação extremamente importante para os nossos dias: os cristãos, membros do corpo de Cristo, devem batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3). Se esse conselho for ignorado, a Igreja de Cristo sofrerá drasticamente e ficará impossibilitada de responder com mansidão e temor (para aqueles que não conhecem a Cristo) a razão da esperança que possui (1Pe 3.15). O apologista Paulo César Pimentel, o entrevistado desta edição, sabe muito bem como é recompensador guardar os requisitos bíblicos para se ter boa comunhão com Deus e vida cristã sadia.

Uma das mais confiáveis expressões apologéticas brasileiras, pastor Paulo César Pimentel tem 44 anos, é casado há 22 e pai de três filhos. É formado em Bacharel em Teologia pelo Seminário Betel (RJ), onde é professor de Religiões desde 1990, estudante de Letras (Português/Hebraico) pela UFRJ e presidente do CPR (Centro de Pesquisas Religiosas) no Rio de Janeiro.

Nesta entrevista, pastor Paulo César alerta o povo de Deus: “Existe uma verdadeira guerra espiritual sendo travada no nosso dia-a-dia e precisamos de soldados bem preparados”.

Defesa da Fé – Fale um pouco sobre como surgiu o CPR e a colaboração do ICP nesse ministério.

Paulo Pimentel – Embora já ministrasse estudos sobre seitas, foi somente em 1988 que passei a ter uma visão mais ampla do que o ICP representava realmente. Naquele ano, soube que o pastor Natanael Rinaldi, hoje presidente de honra do Instituto, iria promover alguns estudos em uma livraria evangélica no centro do Rio de Janeiro. O objetivo das palestras era preparar uma equipe de evangelização para atuar durante um congresso das testemunhas de Jeová que seria realizado naquele ano no Maracanã. Fiquei simplesmente maravilhado com a proposta do ICP. Ao olhar para trás, percebo que na época não me juntei ao Instituto, mas grudei-me nele! Fiz algumas viagens a São Paulo para estar com os irmãos e consultar sua biblioteca. Tanto era o meu interesse que, em 1991, cogitei a idéia de abrir uma representação do ICP no Rio. Mas, por algumas razões, o projeto não prosperou. Em 1992, dei início à Missão para Evangelização das Seitas, o embrião do CPR. Dois anos depois, mais precisamente em abril de 1994, em uma reunião em minha casa como irmãos que ministravam comigo, nasceu oficialmente o CPR, sendo logo organizado e registrado. A maioria desses irmãos era composta por ex-sectários.

Defesa da Fé – Que motivo o levou a mergulhar tão profundamente no estudo de religiões?

Paulo Pimentel - Nasci em uma Igreja Batista e, em 1975, aos 16 anos, tive uma experiência muito forte com Deus: minha verdadeira conversão. Depois disso, passei a acompanhar o pastor Lernard Marvin Meznar, missionário no Brasil entre os judeus pela Missão Hebraica de Cleveland, Ohio, EUA. Ele dirigia um programa de rádio chamado “O poço de Jacó” e eu era um dos seus muitos ouvintes. De início, meu objetivo era apenas aprender hebraico, mas com o pastor Lernard aprendi que o conhecimento sobre a cultura e os costumes de um povo também é importante. Então decidi optar pela evangelização e por defender as doutrinas cristãs. Acredito que o simples fato de nos tornarmos cristãos, ou seja, seguidores de Cristo, é motivo suficiente para ingressarmos nos estudos apologéticos, pois, quando lemos os evangelhos, vemos o quanto o nosso Mestre, Jesus Cristo, combatia com veemência as seitas de sua época.

Defesa da Fé – De que maneira o CPR tem contribuído para a edificação do corpo de Cristo? Existem alguns projetos futuros?

Paulo Pimentel – O nosso objetivo inicial era evangelizar somente os perdidos que se encontravam nas seitas. Com o tempo, porém, percebemos que nada, ou quase nada, era feito pelas igrejas em favor da salvação desses adeptos. Então, decidimos passar a visão que tínhamos aos nossos irmãos. Essa é a missão do CPR: transmitir às igrejas o quanto é importante uma vida cristã comprometida com a santidade e com o serviço. Atualmente, contamos com a ajuda voluntária dos irmãos Alexandre Galante, Renato Carvalho e Sérgio Viula. De 1992 para cá, nossa equipe já preparou cerca de 40 folhetos evangelísticos com mensagens exclusivas para os perdidos. A partir de 1996, o CPR tornou-se representante da editora Publicações Chick no Brasil, oferecendo suas literaturas em quadrinhos e livros. Naquele ano, lançamos uma fita de vídeo sobre a maçonaria intitulada “O que acontece por trás das portas fechadas?”. Esse material foi muito útil para levar esclarecimento ao povo evangélico. Em 1997, transformamos um simples boletim informativo no jornal “Desafio das Seitas”, que hoje conta com mais de 3.000 assinantes em todo o país. Quantos os projetos futuros, pretendemos produzir estudos em CDs e aperfeiçoar as palestras que temos oferecido às igrejas.

Defesa da Fé – Como o senhor vê a igreja brasileira em relação à apologética e o que poderia ser feito para mudar esse quadro?

Paulo Pimentel – Entendemos que a apologética é a defesa da fé cristã, mas, ao que parece, nada tem sido feito nesse sentido, exceto as iniciativas do ICP. Lamentavelmente, a maioria dos evangélicos possui raso conhecimento bíblico. Se as nossas ovelhas conhecessem mais profundamente os ensinos da Palavra de Deus, tornar-se-iam mais aptas para repelir a mentira. Para que esse quadro seja mudado é preciso um retorno às Escrituras, com os pastores investindo em pregações expositivas. Somente assim a igreja crescerá sadia e corresponderá à comissão que lhe foi delegada. O conhecimento básico das doutrinas cristãs inevitavelmente levará a um envolvimento missionário.

Defesa da Fé – Fale de uma experiência com um adepto de seita.

Paulo Pimentel - Bem, como são muitas, falarei de uma bem curtinha. O telefone tocou e uma jovem expôs o seu envolvimento com o mormonismo. Lamentava ela ter recebido um folheto do CPR somente há poucos dias. Após lê-lo, converteu-se a Cristo. Disse: “Se eu tivesse lido esse folheto antes, nunca teria sido tragada por tal seita”.

Defesa da Fé – O que aprendeu de relevante nesse ministério?

Paulo Pimentel – Que existe uma verdadeira guerra espiritual sendo travada no nosso dia-a-dia. E essa guerra exige soldados preparados. Aconselho aos leitores desta revista que assumam a defesa da fé, que meditem e pratiquem o ensino de 2 Timóteo 2.24-26. Os perdidos nas seitas estão lá por ignorância, e precisam do nosso amor e interesse.

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