Defesa da Fé

Edição 62

Teosofia - A filosofia religiosa que lançou as bases para o atual movimento da Nova Era


Natanael Rinaldi

A palavra theosophia é de origem grega e significa "sabedoria de Deus". Surgiu no terceiro século, em Alexandria, no Egito, com um notável pensador da época, Amônio Sacca, que foi mestre de Plotino, sendo ambos filósofos platônicos. A teosofia (de théos = Deus, sophia = sabedoria) vem a ser, como dizem, "um corpo de ensinamentos misteriosos revelados somente a poucas pessoas mais avançadas". Esse conhecimento tem recebido o título de doutrina secreta. Neste sentido, trata-se de um ramo do ocultismo (da palavra latina ocultus).

Essa palavra se distingue da palavra teologia. A teologia é um discurso sobre Deus (Theós), conhecido à luz da fé. A Bíblia afirma: "Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam" (Hb 11.6). Por outro lado, lemos: "Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1Co 1.21-25).

Assim, ao passarmos a estudar sobre a teosofia, não podemos deixar de apontar aquilo que Paulo nos adverte sobre as doutrinas que surgiriam nos últimos tempos como ensinos totalmente antagônicos à Palavra de Deus (1Tm 4.1,2). Por isso, devemos ter cautela, para não sermos iludidos por tais doutrinas. Diz o apóstolo: "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Cl 2.8).


Seita ou religião?


Procura a Sociedade Teosófica negar o seu caráter sectário ou religioso, afirmando que "a Sociedade não se identifica com nenhuma religião em particular, não sendo ela mesma uma seita religiosa". É óbvio seu interesse em não se declarar entidade religiosa ou sectária: fazer que as pessoas religiosas não se sintam preocupadas em estudar os ensinos religiosos da Teosofia.

A propósito, o escritor Adolpho J. Silva, membro do Conselho Editorial da Editora Teosófica, em entrevista à revista ANO ZERO, declara que "a Teosofia não chega a ser uma religião, é uma filosofia de vida e pretende que o católico, o protestante, o evangélico, entre outros, vivam melhor a sua religião e tenham uma visão mais ampla da realidade. Neste sentido, a Teosofia é um sistema, uma filosofia".2 Continuando sua entrevista e indagado se a Teosofia se propõe a aglutinar membros de diferentes movimentos, religiões e sociedades secretas, a resposta foi: "Exatamente, há uma tendência ao sincretismo religioso".3 Ora, como sabemos, sincretismo é a fusão de religiões, ritos e crenças.

Adolpho J. Silva declara que "a teosofia se propõe a aglutinar membros de diferentes movimentos, religiões e sociedades". Isto significa que pessoas de várias religiões e crenças chegarão a um impasse: decidir se permanecem em suas crenças ou adotam as novas, filiando-se à Sociedade Teosófica, à medida que descobrem que os ensinos novos da teosofia conflitam com aquilo que crêem.

Passaremos a demonstrar que as doutrinas teosóficas não podem conciliar-se com a doutrina cristã e que não seria correto um cristão participar das reuniões promovidas por eles e nem mesmo ler os livros, revistas e outras publicações teosóficas, a menos que o faça para pesquisar e refutar com conhecimento de causa.


Duas mulheres


Helena Petrovna Blavatsky

Na história da teosofia surgem duas mulheres proeminentes, conhecidas como mestras da teosofia moderna: Helena Petrovna Blavatsky e sua "continuadora", Annie Besant.

A Sra. Blavatsky nasceu em Ekaterinoslaw, na Ucrânia, em 12 agosto de 1831. Era filha do coronel Petervon Hahn e Helena Andreyevna, e sobrinha de Sergei Witte que, mais tarde, se tornou primeiro-ministro e amigo de Gregory Rasputin. Sua história pessoal é repleta de aventuras e extremamente conturbada. Quando criança, foi rebelde e estranha. Era paranormal e escrevia seus livros em transe mediúnico, sendo inspirada, conforme dizia, por Mestres de Sabedoria. Aos 16 anos, casou-se com o general russo Nicéforo Blavatsky, mas, três meses depois do matrimônio, abandonou o marido.

Após a separação, passou a percorrer o mundo em busca da sabedoria. Ouviu mestres ocultistas, magos e médiuns da Turquia, Inglaterra e Egito. Por fim, em 17 de novembro de 1875, resolveu fundar, junto com o coronel Henry Steel Olcott, em Nova York, nos Estados Unidos, uma organização a qual deu o nome de Sociedade Teosófica. O coronel Olcott tornou-se o primeiro presidente da Sociedade e, em 1878, partiram, juntos (Blavatsky e Olcott), para a Índia. Em 3 de abril de 1905, foi estabelecida a sede internacional da Sociedade Teosófica no bairro de Adyar, na cidade de Chennay (antiga Madras), no Estado de Tamil Nadu, sul da Índia.

Com a fundação da Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky pretendia iniciar a transferência do budismo e do hinduísmo para o ocidente, difundindo a teosofia nos Estados Unidos. Não conseguindo de início o seu propósito, transferiu a Sociedade Teosófica para a Índia, onde predomina o hinduísmo.

Helena Blavatsky faleceu em 8 de maio de 1891 e foi sucedida por Annie Besant.

* H. P. B., dentro da teosofia, é a forma comum de mencionar a fundadora.


Annie Wood Besant

Annie Wood Besant nasceu em 1847, em Londres, e se casou, ainda muito nova, com Frank Besant, com quem teve dois filhos. Ela também abandonou o marido. Com a morte de Helena Blavatsky, Annie Besant colocou-se à frente da sociedade.

Assumindo a tutoria de um jovem indiano chamado Jiddu Krishnamurti, nascido em Madabapelle, Madras, em 1897, em 1908 Annie Besant identificou esse jovem, seu filho, como o futuro Mestre e Salvador da humanidade. Segundo ela, Jiddu era o Cristo reencarnado. O tal jovem já havia supostamente passado por 32 encarnações, gastando, para isso, 72.000 anos. Como sabemos, Jesus nos exortou a estarmos alerta contra o surgimento de falsos cristos e Jiddu, ao que consta, seria esse falso cristo, tido como salvador do mundo.

Atentemos para o prognóstico de Jesus: "Porque muitos virão em meu nome, dizendo: "Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito" (Mt 24.5, 23-25).

Estas fantasias foram as responsáveis pelas principais cisões entre os teósofos. A seção alemã, por exemplo, dirigida por Rudolf Steiner, filósofo e pedagogo austríaco (que nasceu em Kraljevic, em 1861, e morreu nessa mesma cidade croata, em 1925), separou-se, em 1913, da Sociedade Teosófica e fundou a Antroposofia.


Organização e atividades


Estão organizados em mais de sessenta países em seções nacionais e estas, por sua vez, compõem-se em Lojas e Grupos de Estudos. A maioria das lojas e grupos de estudo realiza reuniões públicas com palestras, cursos, debates e outros eventos desse tipo. Existem outras atividades de confraternização entre membros e simpatizantes. No Brasil, há dois ramos distintos: a Sociedade Teosófica no Brasil, filiada à Sociedade Teosófica fundada por Helena Petrovna, e a Sociedade Teosófica Brasileira, também conhecida como Sociedade de Eubiose, fundada por Henrique José de Souza e com sede em São Lourenço, Minas Gerais.


Objetivos


A Sociedade Teosófica afirma que possui três objetivos básicos:

1. Formar um núcleo da fraternidade universal da humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor;

2. Estimular o estudo comparativo das religiões, filosofias e ciências;

3. Investigar as leis ainda não explicadas da natureza e os poderes latentes do homem.

Para que uma pessoa se torne associada da Sociedade, tem de concordar pelo menos com o primeiro objetivo. Os outros dois são opcionais.


Fonte de autoridade


O livro mais importante da fundadora é A doutrina secreta (1888). Suas outras obras são: A voz do silêncio (1889), Isis sem véu e A chave da teosofia. Embora a palavra teosofia signifique a sabedoria de Deus, essa nova sabedoria, no entanto, não tem nada em comum com a verdadeira sabedoria de Deus (1Co 2.6-13).

Blavatsky declarou que "não é o temor do Senhor o princípio da sabedoria, mas o conhecimento do EU que se torna a principal sabedoria" (A doutrina secreta). Os Upanixades e os Vedas, livros sagrados do hinduísmo, constituem a base para grande parte de suas doutrinas. O budismo também influenciou grandemente as doutrinas da teosofia.

Como lemos na Bíblia: "O temor do Senhor é o verdadeiro princípio da sabedoria" (Sl 111.10), e não a sabedoria aprendida nos meios ocultistas, pois esta é "terrena, animal e diabólica. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia" (Tg 3.15,17).


A mãe da Nova Era


Um grande número de estudiosos procura uma data específica para o início do Movimento Nova Era (MNE), e indicam esse ponto de partida como sendo a data da fundação da Sociedade Teosófica, em 1875, na cidade de Nova York. A teosofia declara ser "a essência de todas as religiões e da verdade absoluta, da qual uma gota apenas se encontra em cada crença".4 Seus ensinos englobam os neoplatônicos5, os gnósticos6, a cabala judaica7, a mística dos rosacruzes8 e certas doutrinas de Paracelso9.

Um dos ensinos fundamentais da Nova Era é a criação de uma religião universal. A teosofia tem o mesmo objetivo. Tanto uma quanto a outra procuram juntar o melhor de várias doutrinas em uma só religião. Essa mistura religiosa é denominada sincretismo. A palavra sincretismo designa "qualquer mistura de pensamentos e práticas diversas, com o objetivo de formar um todo, criando, a partir dessa união, algo novo, mantendo essencialmente as mesmas características das anteriores".10

A pergunta que se faz é: "Em que se baseava a escritora para afirmar que a teosofia é a essência de todas as religiões e da verdade absoluta?". Por incrível que pareça, ela se baseava no testemunho de videntes, isto é, de mestres iluminados do Tibete, no ensinamento da Loja Branca, da Hierarquia dos Adeptos e na cultura do pretenso continente Atlântida, que não passa de mera ficção literária de Platão.

Tal posição é oposta ao que Cristo afirmou sobre si mesmo, dizendo: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Por sua vez, Pedro, em sua segunda carta, declara: "Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; e temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações (2Pe 1.16-19).

Tais homens, tidos como mahatmas (mestres iluminados), não passam de falsos cristos, indicados por Jesus em Mateus 7.15.


A teosofia e a Bíblia


Como essência de todas as religiões, a teosofia reúne os ensinos centrais da Nova Era, um movimento eclético que engloba doutrinas do hinduísmo, do taoísmo, do budismo, do cristianismo e de práticas como a ioga e a meditação transcendental para despertar o suposto poder latente do ser humano.

O aspirante à teosofia deve submeter-se a uma disciplina: "o carma ioga, a senda da prova" e, depois, a "senda do discípulo", propriamente dito, que o levarão, progressivamente, ao estado de pleno desenvolvimento e de aptidão para o nirvana.


Ensinos teosóficos versus ensinos cristãos


Teosofia: Jesus um dos cristos

Declaram que a atual "raça-trono" ariana já teve até agora cinco cristos, ou seja, cinco encarnações do Supremo Mestre do Mundo, que foram: Buda, Hermes, Zoroastro, Orfeu e Jesus. Afirmam que Cristo usou o corpo de Jesus. Desta forma, Jesus não deve ser considerado o único Filho de Deus, o Deus homem. Ele é apenas uma das muitas manifestações ou aparições de Deus através dos séculos. Cristo é distinto de Jesus. Cristo é uma idéia perfeita de Deus - o despertar da divindade inerente. Jesus tem a consciência crística ou espírito crístico mais desenvolvido do que outros, mas cada um pode desenvolver seu espírito crístico ou consciência cósmica. Não bastasse tudo isso, ainda aguardam a chegada de um novo cristo, que será mais poderoso do que o Senhor Jesus Cristo. Esse novo cristo unirá todas as religiões em uma só, dizem os teosofistas.


Cristianismo: Jesus é o Cristo

Jesus e Cristo são dois nomes para a mesma pessoa. Jesus não se tornou o Cristo como pessoa adulta, mas nasceu o Cristo (Lc 2.11,26; Jo 1.41; Mt 16.13-16; Jo 11.25,27). O Cristo da Bíblia é o Jesus de Nazaré histórico e o eterno Filho de Deus. Ele se tornou homem, viveu uma vida sem pecado, sofreu a morte vicária e ascendeu aos céus, ao seu Pai (Gl 4.4,5; 1Co 15.3,4; At 1.9-11).

A Bíblia apresenta Jesus como a única manifestação de Deus na carne (Jo 1.1-3,14; 8.58; 14.8-10) e admoesta que tenhamos cautela com relação aos falsos Cristos (Mt 24.4,5, 23-25).

Pedro declarou que Jesus, o Cristo, é o Filho do Deus vivo (Mt 16.16), sendo elogiado por Jesus, que lhe disse ter sido iluminado por Deus para fazer tal declaração (Mt 16.17-18). Jesus disse de si mesmo que era o único caminho para que o homem pudesse chegar a Deus (Jo 14.6). O apóstolo Pedro, por sua vez, reiterou que só no nome de Jesus há salvação (At 4.12). João disse que aqueles que negam que Jesus é o Cristo são anticristos (1Jo 2.22-23).


Teosofia: Tudo é um

Toda a realidade é um todo unitário. Ou seja, toda a realidade (e aqui estão incluídos Deus, a humanidade, o universo criado, a terra, o tempo e o espaço) faz parte do todo. Esta idéia é conhecida como monismo e é basicamente um conceito hinduísta.


Cristianismo: o Deus bíblico é pessoal

A idéia bíblica de Deus envolve um Pai pessoal de amor, a quem os cristãos se dirigem chamando-o de "Aba, Pai" (Rm 8.15; Gl 4.6). Existem evidências que comprovam a natureza pessoal de Deus, pois Ele ouve (Êx 2.24; Sl 94.6), vê (Gn 1.4), conhece (2Tm 2.19), tem vontade (Mt 6.10) e demonstra emoção (Gn 6.6).


Teosofia: tudo é Deus

"Na teosofia não se admite a figura de um Deus potente e poderoso presidindo a formação de tudo. Deus seria o Princípio Transcendental Supremo, chamado de Logos Cósmico".11 "A teosofia é panteísta: Deus é tudo e tudo é Deus".12 "A teosofia não acredita no Deus bíblico, nem no Deus dos cristãos. Rechaço a idéia de um Deus pessoal. O Deus da teologia é um ninho de contradições e uma impossibilidade".


Cristianismo: a Bíblia nega que tudo seja Deus

O Deus da Bíblia criou o homem, que é uma pessoa distinta e à parte do Criador (Gn 1.27).

Deus é uma personalidade consciente (Êx 3.14; Is 48.12).

É um espírito pessoal (Jo 4.23,24), com vontade própria (Rm 12.1,2; Hb 10.9).

É um Deus Trino: três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo, mas numa só essência ou natureza divina (Mt 28.19; 3.16,17; 2Co 13.13; Gl 3.20).


Teosofia: o homem é Deus e Deus é o homem

O objetivo da vida é despertar o deus que dorme no interior do ser humano. Cada pessoa é mais do que sublime, porque somos divinos. "Não é o temor do Senhor o princípio da sabedoria, mas o conhecimento do EU que se torna a própria sabedoria".13 "O homem traz latentes no seu interior todos os atributos da divindade que podem ser progressivamente desenvolvidos e atraídos à manifestação através do pensamento puro e reto comportamento".14


Cristianismo: Deus é distinto do homem

A Bíblica ensina que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27). Deus é distinto do homem (Ec 5.2; Nm 23.19; Os 11.9). A própria ignorância do homem sobre a sua suposta divindade mostra que ele não é Deus. Vejamos algumas diferenças entre Deus e o homem:

a) Deus é Todo-Poderoso (Mt 19.26); o homem tem poder limitado (Hb 4.15).

b) Deus é onipresente (Sl 139.7-12); o homem é confinado no espaço e no tempo (Jo 1.50).

c) Deus é eterno (Sl 90.2); o homem é criado no tempo (Gn 1.26).

d) Deus é verdade (Is 65.16); o coração do homem é enganoso (Jr 17.9).


Teosofia: o homem não é pecador

O problema do homem é ignorar sua divindade. Desde que não exista o problema do pecado, ele também não tem necessidade de salvação. Conseqüentemente, Jesus não morreu na cruz para providenciar a salvação do pecador. Os homens precisam de iluminação para reconhecer sua divindade. Pela reencarnação, uma pessoa pode retornar a Deus. A única coisa que o homem precisa é de iluminação, para reconhecer sua divindade. A iluminação ou alteração da consciência é chamada também nova consciência. As técnicas para a alteração da consciência ou nova consciência são: meditação transcendental, ioga, hipnoses, mantras, diálogo com canalizadores, entre outros.


Cristianismo: o problema do homem é o pecado

O cristianismo começa com uma distinção entre o Criador e a criação. Oposto ao ensino monista panteísta, existe um abismo entre o Criador e o homem (Is 45.18). O homem de fato tem pecado contra a Deus (Rm 3.23) e precisa necessariamente de salvação (Rm 5.18; 6.23). O Jesus bíblico ensinou que o homem não tem simplesmente um problema de ignorância da sua divindade, mas um problema grave de pecado que precisa resolver (Mt 12.33,34; Lc 11.13).

O Jesus bíblico ensinou que sua missão foi prover, por sua morte na cruz, expiação pelo pecado da humanidade (Mt 20.28; 26.26-28). Ensinou, ainda, que a salvação do homem só é possível por fé nele (Jesus), e não por iluminação ou nova consciência (Jo 3.16).


Teosofia: prega a reencarnação e o carma

A vida e o destino do homem são governados pela lei do carma (ação em sânscrito), a lei da causa e efeito.15 O homem precisa progredir muitas vezes até chegar à unidade com o Um. Se o homem adquire bom carma (reação a toda ação), benefícios positivos o acompanharão em outras vidas. O mau carma produzirá futuros castigos. Eventualmente, deixará o ciclo de nascimento e renascimentos pelas práticas de iluminação ou nova consciência, efetuando, dessa forma, sua própria salvação.


Cristianismo: nega veementemente a reencarnação (Hb 9.27)

O tipo de reencarnação adotado pela teosofia não é igual ao de Allan Kardec. O mais importante argumento contra a reencarnação é o esquecimento geral das vidas passadas. Se é verdade que já vivemos algumas vezes, como se explica o esquecimento geral das vidas anteriores?16

A reencarnação constituiria um castigo injusto. Pois: de que serviria a uma alma voltar à carne se ignora as etapas que já percorreu na sua purificação espiritual? A reencarnação prende-se, geralmente, ao falso conceito de Deus; ou seja, ao panteísmo, junto com o qual a reencarnação é professada na Índia. De fato, se não há um Deus pessoal, a quem homem possa invocar, é o próprio homem (homem) quem tem de remir a si mesmo.

Ora, os esforços do homem em demanda da perfeição são sempre lentos. De onde se segue que uma série de encarnações sucessivas se impõe como solução para o problema? Esta solução errônea, por apregoar a auto-redenção, não deixa de ser sedutora, pois bajula o orgulho da criatura humana, dando-lhe a ilusão de que ela não depende de ninguém.

Por outro lado, o homem que crê em um Deus pessoal e distinto do mundo, sabe que é amado por este Deus que provou o seu amor doando seu Filho Jesus para que pudéssemos obter redenção (1Jo 4.8). "Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados" (1Jo 4.9,10).

Jesus é o nosso Advogado, e nos defende do pecado (1Jo 2.1.2,12).


Teosofia: nega a eficácia da oração

"Não acreditamos na eficácia da oração enquanto súplica externa dirigida a um Deus desconhecido".17


Cristianismo: o cristão ora

Jesus ensinou aos discípulos a orar (Mt 6.9-13). Freqüentemente, Jesus era encontrado em oração de manhã, de tarde e de madrugada. Pedro foi livre das mãos de Herodes pela oração da Igreja em seu favor (At 12.5-8). Paulo recomendou que os cristãos devem orar sem cessar (1Ts 5.17).


Teosofia: declara que a redenção por Cristo é perniciosa

Falando sobre a redenção efetuada por Cristo, L.W. Rogers declara: "É esta perniciosa doutrina de que o erro cometido por um pode ser consertado pelo sacrifício de outro. É simplesmente surpreendente que tal crença tenha sobrevivido à Idade Média e continue a encontrar milhões de pessoas que a aceitam nesses dias de pensamento claro. O homem, que busca comprar a felicidade, através da agonia de outro, é indigno do céu, e não poderia reconhecê-lo, se estivesse lá. Um céu habitado pelos que vêem no sacrifício vicário um arranjo feliz, o qual lhes permite viver no prazer e bem-estar, não é digno de ser possuído".18


Cristianismo: a base da redenção é o sangue de Cristo (Mt 26.28; Ef 1.7; 1Jo 1.7,9).

Jesus ensinou a regeneração, e não a reencarnação (Jo 3.1-7). A queda da raça humana, relatada em Gênesis 3.1-5, indica a origem da rebelião contra Deus (1Sm 15.23). O cristianismo afirma que a única solução é o homem converter-se de sua rebelião contra Deus e depositar sua fé em Jesus Cristo (Is 55.6,7; Lc 13.3; 19.10).

Salvação é mais do que mudança de consciência: é um processo pelo qual a graça de Deus transforma a pessoa em uma nova criatura (2Co 5.17).


O lema da Sociedade Teosófica


"Não há religião superior à verdade, este era o antigo lema da família de Kasi, ou Varanasi, também adotado como lema da Sociedade Teosófica".19 A verdade essencial da teosofia é que existe a unidade por trás de toda a diversidade.

Concordamos com o fato de que as inúmeras religiões não são superiores à verdade, entretanto, é salutar esclarecer que verdade é esta, e, neste intento, é adequado apontá-la como nosso lema, cujo fundamento é exarado de forma explícita e absoluta na Bíblia.

Jesus se identificou como a verdade, quando declarou: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). E ainda acrescentou: "a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). Fica claro, em suas declarações, que Jesus não considerava a possibilidade de acesso a Deus por meio de uma diversidade de outros líderes religiosos, "iluminados", pois suas palavras são incisivas: "ninguém vem ao Pai, senão por mim". Não há aqui qualquer margem de espaço para Buda, Krishna, Maomé e outros.

A verdade essencial do cristianismo não esconde atrás de si uma diversidade de caminhos para a salvação. O apóstolo Pedro ratificou essa doutrina ao declarar: "e em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12; grifo do autor). O apóstolo Paulo complementa: "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem" (1Tm 2.5; grifo do autor).

Atentemos para a exclusividade reclamada pelas expressões "ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6), "em nenhum outro há salvação" (At 4.12) e "um só mediador" (1Tm 2.5). De acordo com as Sagradas Escrituras, Jesus é a verdade. Qualquer religião que ignorar ou deturpar este lema não poderá oferecer a verdadeira salvação.

Entre outros, este é um dos principais atrativos que a Nova Era resgatou de sua precursora, isto é, o ideal de harmonizar e unificar valores religiosos em busca da verdade, apresentando, com isso, uma religião sincrética. Logicamente, em nossos dias, essa pregação simpática encontrará o acolhimento de pessoas que não querem se comprometer com uma verdade moral e um Deus pessoal. Nós, em contraste, continuaremos irredutivelmente apregoando a mensagem da verdade, independente de como ela for recebida. Afinal de contas, como Charles Haddon Spurgeon disse: "mil erros podem viver em paz uns com os outros, mas a verdade é um martelo que os quebra a todos em pedaços".


O emblema da Sociedade Teosófica


Segundo os adeptos da teosofia, o emblema da Sociedade "é uma perfeita equação algébrica com todos os termos expressos encerrando uma infinidade de valores, representando a intenção da teosofia de redimir a humanidade da miséria, aflição e pecado, frutos da ignorância, causa de todo o mal".

Como podemos constatar abaixo, o conjunto de elementos que encerra o emblema deste grupo religioso é constituído de símbolos declarados pela Nova Era.

Vejamos:

 Os dois triângulos eqüiláteros entrelaçados simbolizam o Universo como a dualidade espírito-matéria. O de vértice para cima é o do fogo, espírito ou Pai; o de vértice para baixo é o da água, matéria ou Mãe. Os lados do triângulo do fogo, entre outras coisas, significam: existência, consciência e bem-Aventurança; os do triângulo da água significam as três características da matéria: inércia, movimento e equilíbrio. Os doze lados iguais formados pelo cruzamento das linhas da figura consideradas em conjunto representam os "dozes deuses" da Cabala e de outras religiões antigas, os doze signos do Zodíaco, os doze meses do ano.

 A cruz "ansata", ou Tau, encerrada dentro do duplo triângulo é o símbolo do espírito que desce à matéria e nela está crucificado, porém, que ressuscitou da morte e permanece triunfante nos braços do vitimário já vencido e, por isso, é chamada de "Cruz da Vida", simbolizando a ressurreição. Nas pinturas egípcias pode-se ver que esta cruz era aplicada sobre os lábios da múmia, quando a alma voltava ao corpo.

 Acima, o torvelinho da Cruz Ígnea, ou Svástika (Cruz Alada ou Cruz de Fogo) é o símbolo da energia vertiginosa que cria um Universo, "abrindo buracos no espaço" ou, dizendo em forma menos poética, formando os torvelinhos ou átomos para a construção dos mundos. Ao contrário do que muitos acreditam, a suástica é usada há mais de três mil anos pelos chineses, tibetanos e antigas nações germânicas; encontrada também entre os bompas e budistas; usada como símbolo do budismo esotérico, figurando a frente de todos os símbolos religiosos de todas as nações antigas, sendo o mais sagrado e místico símbolo da Índia. Segundo afirmam, tem estreita relação e até identidade com a cruz cristã. Como diagrama místico de bom augúrio "svástika", ou seja, signo de saúde, não mantém relação alguma com o símbolo usado na Segunda Grande Guerra.

 A serpente que morde a própria cauda, o ouroboros, é o milenar símbolo da eternidade, o círculo sem começo nem fim em que todos os universos crescem e declinam, nascem e morrem. Ao redor do símbolo, o lema do Maharâja de Benares: Satyât nâsti paro Dharma [Não há religião superior à verdade].

 Este sinal, a sílaba sagrada AUM, em sânscrito, é a representação gráfica e sonora (OM) do mistério do PRÍNCIPIO UNO, manifestado em seus três aspectos: a Trindade. A letra A representa o nome de Vishnu (o preservador); a letra U, o nome de Shiva (o destruidor) e a letra M, o de Brahmâ (o criador). AUM é o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. Todas as grandes religiões falam da Trindade, ainda que dando nomes diferentes. Assim, segundo os teósoficos, por exemplo, no cristianismo são: PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO; na Teosofia: 1º, 2º e 3º LOGOS.

Fonte: http://www.mcanet.com.br/lotusbranco/simbologia.htm


Referência:

1 Folheto Teosofia e a Sociedade Teosófica.

2 Revista ANO ZERO n. 24, de abril de 1993, p. 43.

3 Ibid.

4 The Key of Theosophy. Helena P. Blavatsky, p. 85, edição em francês de 19l6.

5 Corrente doutrinária fundada por Amônio Sacas (séc. II), em Alexandria, e cujos representantes principais são: Plotino, filósofo romano (240-270), em Roma; Jâmblico, filósofo grego (c.250-330), na Síria; e Proclo, filósofo grego (410-485), em Atenas. Caracterizava-se pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem.

6 Existem várias correntes diferentes do gnosticismo, porém, todas elas foram influenciadas pelo neoplatonismo e pelo pensamento grego em geral. Rejeitavam a matéria por achar que ela era má e, com isso, rejeitavam também a encarnação do Verbo, o que gerou posições absurdas e conflitantes no que se referia à morte e à ressurreição de Cristo. Ao que parece, foi uma das primeiras heresias cristãs, visto que, conforme a opinião de alguns, os escritos do apóstolo João foram redigidos visando combater estas idéias errôneas a respeito de Cristo.

7 Cabala é o nome dado ao conhecimento judaico místico, originalmente transmitido de forma oral. O misticismo gnóstico já se fazia presente na Haggadah (livro que narra o Êxodo e apresenta a ordem de Sêder - as bênçãos, símbolos, orações e, principalmente, a exposição rabínica do tema). As pessoas buscavam a presença de Deus. Essa presença substituía toda a erudição e todo o esforço humanos. Assim, a alma humana entraria em harmonia com o Ser divino. As pessoas andavam atrás da perfeição, da santidade e da autopurificação, para que pudessem chegar à presença de Deus. O instrumento usado para isso era a cabala que, naturalmente, incorporava muitas idéias pagãs, no campo dos conceitos, como a adivinhação. A cabala era usada como a Bíblia do misticismo.

8 Segundo a própria Ordem RosaCruz, sua finalidade é estudar, testar e ensinar as leis de Deus. Vejamos o que declaram: "A finalidade da Ordem é estudar, testar e ensinar as leis de Deus e da natureza capazes de tornar nossos membros mestres do sagrado templo (o corpo físico) e obreiros do divino laboratório (os reinos da natureza). Isto nos permite prestar auxílio mais eficaz aos que ainda não conhecem aquelas leis e que precisam de assistência. Todo iniciado tem o dever de servir, considerando imperativo estudar e praticar as leis ensinadas em nossa Ordem, aplicando-as sempre que oportuno".

9 Mestre de Alquimia, médico e filósofo alemão que conseguiu difundir suas doutrinas sem ser condenado pela Igreja. É considerado o personagem mais característico do Naturalismo alemão na Renascença. Definia o fundamento da Medicina como uma conjugação entre o mundo exterior e as diferentes partes do organismo humano. Tornou-se célebre pela doutrina dos medicamentos específicos e pela teoria da múmia, bálsamo natural que deveria preparar todos os tecidos.

10 Dicionário de religiões, crenças e ocultismo. Mather & Nichols. Editora Vida, p. 415, 2000.

11 Revista ANO ZERO n. 24, de abril de 1993, p 46.

12 The Key to Theosophie. Helena P. Blavatsky, p. 63.

13 A doutrina secreta. Helena P. Blavastky.

14 Folheto Princípios teosóficos.

15 Ibid..

16 A reencarnação dos espíritos, p. 192, 1946.

17 Revista ANO ZERO n. 24, abril de 1993, p.46.

18 Citado no Dicionário de religiões, crenças e ocultismo.

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